sábado, 28 de novembro de 2009

twilight (rs)

A primeira vez que eu ouvi falar de Crepúsculo foi cerca de um ano e meio atrás. Lembro de chegar no trabalho e discutir com uma colega, que admitiu que achava uma porcaria mas tinha algo tão ADITIVO que ela se pegou comprando as continuações ainda em inglês. Eu estava muito curiosa para saber qual era a do livro, do bafafá, blablabá e fiquei imensamente decepcionada quando li. Escrito pela mórmon (acreditem, faz diferença) Stephanie Mayer, Crepúsculo é uma história rasa de amor que mistura o romance com elementos sobrenaturais como vampiros e lobisomens. Senão bastasse tudo isso, a escrita é muito pobre.

Ainda assim, tive que concordar com minha colega: havia algo de aditivo e senti a vontade de ir adiante, para ver como acabaria tudo aquilo. Enfim, o livro pelo menos gerou curiosidade e darei esse crédito – embora seja mais do que curiosidade, é meio a ADIÇÃO mesmo. Esse quê incompreensível é que deve dar a nota do sucesso. Por que uma história tão banal e que de certa forma já foi contada tantas vezes (inclusive com seu elemento sobrenatural, vide o recente e também sofrível Os Diários do Vampiro) atraiu tanta gente no mundo? E mais, extrapolou o que eu vejo sendo seu público alvo, meninas de seus 12-16 anos, atingindo até balzaquianas que suspiram por um Edward?

Sinceramente, não sei a resposta exata. Claro, todos se interessam por uma história de amor proibido – e nesse sentido a história faz a chupinhação clássica de Romeu e Julieta. E o nosso herói ecoa cavalheiros ingleses (o seu nome inclusive dizem que vem do Edward Rochester, de Jane Eyre), tem um jeitão de Werther dos pobres, é bryoniano, bonitão e abnegado. Isso também atrai interesse. Há um triângulo amoroso – mais um recurso que ajuda a envolver o público. Mas, sei lá, o próprio Diários do Vampiro também tem tudo isso e apesar de ser uma coleção de livros de sucesso está longe de ser o que Crepúsculo é.

Não vejo nenhuma surpresa, entretanto, no sucesso. O livro é mal feito, abissalmente, em alguns pontos, tem muita bizarrice randômica, faz um retrato de um amor que é doentio e vende como a melhor coisa que pode cruzar nosso caminho (Bella e Edward poderiam acabar no LINHA DIRETA), mas, sinceramente, desde quando sucesso e qualidade andaram juntos? É uma história de amor que apela para o denominador comum, para a carência lá no fundo do coraçãozinho, defende a lealdade, a família, a castidade... Chocante seria o Lynch bombar nas massas. Império dos Sonhos bater o recorde de bilheteria seria um choque – Lua Nova, não. Não quero com isso vir com papinho elitista, e Deus sabe que me afogo em coisas como CREPÚSCULO kk, mas existem coisas que são para audiências amplas e outras não. Fim da história.

Agora que perdi preciosos momentos da minha vida lendo A SAGA (kkk) posso dizer com todas as letras que é ruim. E não fiz a linha li pra falar mal. Li pra tentar entender, li porque odeio ficar de fora do buzz, li porque é relevante, li porque é aditivo, como já disse.

É literatura mal feita, é chata, feia, boba, ninguém tem carisma, é uma punhetação eterna com Bella e Edward debatendo cada pestanejada que um deu olhando pro outro... (eterna mesmo. A Meyer agora tá escrevendo uma versão de Crepúsculo sob o ponto de vista de Edward. Sairam 12 capitulos, 178 páginas que contam umas 2 semanas em toda sua LENTIDÃO. Vá por sua conta e risco). Fora que neguinho fica falando aquelas frases mais PLAIN do universo amoroso, ou outras da vibe doentia ("I don't care, Edward. I don't care! You can have my soul. I don't want it without you–it's yours already!"), e agora ainda fico imaginando a KRISTEN STEWART dizendo isso com toda sua inexpressividade... (e eu gostava dela. talvez ainda goste. rs)

Pelo menos o filme tem o robert pattison kkk

É perfeitamente compreensível entender porque as feministas ficam tão chateadas com Crepúsculo. Bella é a clássica mocinha em perigo – e mesmo tendo “personalidade” a ponto de atrair a atenção de geral e de se dispor a fazer a ADRENALINA JUNKIE para vislumbrar o seu amor, ela é totalmente passiva (e desde quando fazer ALOKA é bom, né). E mais, ela é tratada de uma maneira doentia pelo namorado e apenas ensaia se ofender. Edward faz a linha escuto-pensamentos-de-todos-seus-amigos-pra-te-entender-melhor – é absurdo, abusivo e invasivo, ela sabe, sente, verbaliza, mas deixa pra lá. Fora essa obsessão de PROTEGÊ-LA de tudo o tempo todo – “é o meu temperamento” - e no meio disso ficar BULINANDO a garota, que é meio desastrada. O próprio Robert Pattison falou que não entende porque as mulheres querem um cara assim (geral quer ser PROTEGIDA rs). E quando não é ele, é o lobisomem, que mesmo em Lua Nova só estando no estágio da amizade-flerte consegue dar um fora nela similar ao do vampiro – é pro seu bem! Fique longe de mim! Oh!

Até a mãe de Bella GET THE CREEPS com o casal:

"There's something . . . strange about the way you two are together," she murmured, her forehead creasing over her troubled eyes. "The way he watches you - it's so . . . protective. Like he's about to throw himself in front of a bullet to save you or something." I laughed, though I was still not able to meet her gaze. "That's a bad thing?"

Eventualmente, Bella bota o pau na mesa e diz pro vampiro boy que ela sabe o que é melhor pra si mesma e que escolhe ficar com ele – e que quer ser VAMPIRIZADA. SPOILER: te dizer, Bella virar vampira fode com tudo, pra mim. Resolve de uma maneira fácil e panaca a história, destrói a tensão sexual (que tudo bem que era narrada de jeitos ultra cafona, mas era o que esse livro tinha, a coisa do predador-presa, o leão se apaixona pelo cordeiro, a tensão que envolvia POSSIVEL MORTE também), acaba com a coisa proibida. Quer dizer, a mortalidade humana é sempre uma questão nesses relacionamentos, vide TODA A LITERATURA E CINEMATOGRAFIA de vampiros, e nessas de amor-ou-morte eu já imaginava que iam vampirizar a Bella, mas foi pior do que imaginava.

Porque, amigos, se vocês foram ao cinema e saíram MORTOS DE VA com Crepúsculo e Lua Nova vocês não viram nada. Eclipse e Amanhecer levam a coisa pra um outro nível. Imagine que Edward, stalker e psicopata, chega a tirar o motor do carro de Bella para ela não ir ver Jacob – mas é PARA O BEM DELA haha. É porque aí eles dimunem a tensão do amor proibido e jogam com a tensão com os lobisomens, tanto uma guerra quanto Bella se interessando brevemente, mas de maneira mais efetiva, pelo amigo Jacob (embora isso também resvale nas dúvidas que Bella tem sobre seu LIFESTYLE TO BE). Que a beija a força e ela gosta! Haha. Way to go. Fora que Amanhecer traz uma das cenas mais medonhas da literatura mundial, que é Bella dando à luz (é, rola sexo, DEPOIS DO CASAMENTO, abs). Primeiro que ela tá grávida de, hum, um ser diferente, que cresce anormalmente rápido. Depois tem a cena do parto em si, em que o bebê QUEBRA AS COSTELAS da mamãe e Edward tem que cortar o cordão com os dentes. Quer dizer. A coisa vai ficando mais afastada do boy meets girl etc ----

O fato do bebê se chamar Renesmée, mistura dos nomes das mães dos pombinhos, dá idéia do quão FREAK é o papo. E aí o Jacob tem uma “impressão” com o bebê – meaning, para deixá-lo ter um envolvimento profundo na história e obviamente não podendo permitir que ele fique com Bella, a Meyer inventou essa história aí. Que é randômica, cafona, mal feita etc etc, por mais que ela diga que é inspirada nessa e naquela lenda. Mas, quer dizer, são essas coisas que criam o culto, né? Fã adora ficar sabendo qual poder aleatório seu vampirinho preferido tem, ou que a Bella é imune à maioria dos poderes *1, blábláblá, morri etc.


E os lobisomens e a vibe seminua?

Apesar de todo esse texto, acho malice ficar bulinando os fãs. Se a pessoa tem mais de 25 anos e é fã, certamente é noob e possivelmente muito ingênua e desiludida também. De resto, deixa as menininhas serem histéricas. Inclusive histeria em cinema DÁ O TOM nos dias de hoje, independente de ser em coisinhas românticas como Crepúsculo. Let them be. E, de boa, quem vai assistir isso achando que vai ser uma obra-prima? Agradeça se funcionar como guilty pleasure e olhe lá! Acho que nem se dessem pro FRANK CAPRA ficaria bom... Por isso acho sacanagem jogarem nas costas do diretor. O brodinho fez o que pode – e eu acho que Lua Nova é um avanço em relação a Crepúsculo. Achei chocante a crítica do Salon*2 – que amou TWILIGHT na linha me-fez-sentir-adolescente-de-novo – que joga tudo no Chris Weitz. A moça queria romance, mas Lua Nova é outra vibe, vibe PÉ NA BUNDA.

BUH

*1 acho que a Meyer criou isso meio aleatória, porque li a explicação dela para a Bella ceder somente aos poderes de Alice, visão do futuro, e Emmet, controlar humores, e achei sem sentido. Segundo a autora, o CÉREBRO de Bella é peculiar e os poderes que investem aí não a atingem. Tipo a telepatia de Edward, ou, estranhamente, o poder da Volturi – outra bizarrice – Jane de causar dor. A dor não seria real, diz Meyer, e sim a idéia da dor. Mas os humores de Emmet não estão no CÉREBRO, como diria a psiquiatria moderna, e sim CORRENDO NO CORPO.
*2 inclusive nos comentários do texto da Salon tem um cara impagável, dizendo que o filme não possa de MORMON PORN e que odeia a Meyer por ter transformado os vampiros, seres sempre sensuais e misteriosos, nos Cullen.

REPRODUZO:

TWILIGHT = MORMON PORN

Okay,

I'm a gay man and I find these movies insulting. I find them insulting because they take one of the most sexy, transgressive, and complicated figures--the vampire--and turn him (or her)into the romantic lead in the Mormon equivalent of soft core porn.

PS_I WONDER o que as pessoas que falavam tão mal de Harry Potter na época do boom estão fazendo agora. Pulando da janela? Matando os filhos e se matando depois? Porque perto de Stephanie Meyer a JK Rowling vira tipo SHAKESPEARE. Não entro nos méritos de se esse fenômenos seduzem as pessoas para o universo da literatura, mas não vejo como podem fazer o inverso. Vai ter gente que sempre vai ficar na sessão de bestsellers e pronto. Sempre foi assim. Em matéria de fenômeno jovem, acho que Crepúsculo deve ser o pior, no duro, mesmo. Eu adoro Harry Potter. E Desventuras em Série, que tá um nível abaixo no sucesso, acho gênio. E Gossip Girl tem muita coisa ruim mas não ofende. Dizem que O Diário da Princesa é bom, no SEU NICHO, mas esse não tenho saco pra me jogar kk. HSM, Ah. Li o primeiro Diário do Vampiro e achei bomba. Engraçado que a escritora desse tá acusando a Meyer de plágio... Saindo da literatura, Hanah Montana e essas coisas assexuadas da Disney também acho ok, meio mé, mas ok.

POR FIM, fiquem com o kevin smith ZUANDO, mas levando a POMBA BRANCA DA PAZ