quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

top 5 atrizes clássicas (altos e baixos)

1) Ingrid Bergman
29 de agosto de 1915 – 29 de agosto de 1982
Sueca, virginiana. Casada por três vezes, teve quatro filhos: Pia, do casamento com um odontologista sueco, e Roberto, Isabella e Isotta (essas duas gêmeas) com o diretor italiano Roberto Rossellini.



Meu top 3:
1 ) Casablanca
2) Stromboli
3) Interlúdio

A Ingrid viveu o ápice e o declínio numa proximidade assustadora – e depois deu a famosa ‘volta por cima’, ainda que jamais tenha sido a mesma coisa. No início da década de 1940, ela era simplesmente a atriz mais bem paga e mais querida de Hollywood. Era casada com um homem de fora do showbusiness, tinha uma filha e uma vida em casa bastante sólida. E aí de repents se apaixonou pelo Rossellini, numa história total de filme, foi pra Itália, teve três filhos – e nem foi pra sempre! Tem essa história surreal do senador que queria a cabeça dela por “ser uma má influência” e na verdade também é uma história triste, não só de amor, porque teve um casamento desfeito e uma criança traumatizada. Eu adoro esse pedaço do Rossellini, acho muito interessante os choques culturais e como o amor pode surgir entre uma discreta sueca (embora na real a Ingrid nunca tenha sido esse paradigma da “geleira sueca” como, por exemplo, a Garbo foi) e um italiano temperamental. Os dois fizeram três filmes bonitos – um deles na verdade é simplesmente lindo – e também tiveram três filhos, então ta valendo. A Ingrid morreu de câncer no dia do aniversário dela, ladeada só pelo último marido (que já era ex na ocasião).

Screen Legend #4


2) Vivien Leigh
05 de novembro de 1913 – 07 de julho de 1967
Inglesa (nascida na India), escorpiana. Foi casada duas vezes e mãe de uma filha, Suzanne, do primeiro casamento.
Meu top 3:
1) ...E o vento levou
2) Anna Karenina
3) Uma rua chamada pecado

Depois que eu terminei de ler a biografia da Vivien fiquei num baixo astral danado. Tem muitas coisas legais, e ela tinha um lado boêmio, uma curiosidade intelectual saudável, curtia teatro e literatura, viveu uma história de amor, mas a nota era de tristeza. Ela teve uma carreira relativamente curta (do tipo, poucos filmes) e uma morte prematura. Teve um breakup de partir o coração com o Laurence Olivier. Sofreu de transtorno bipolar quase que toda a vida e passou uns quase 20 anos com tuberculose, que acabou por matá-la. Passou anos tentando ter um filho com Olivier e nada. Tinha dificuldade em se impor como atriz teatral – as opiniões variam, o Tynan foi do esculacho à ode. Sei lá. Leiam aí. Vocês vão ver que a Vivien sempre esteve atrás de algo e acho que não encontrou...

Ela era de uma família meio rica, bem educada, moça inglesa de boa procedência, refinada. É um tom tão diferente da Scarlett, meu bb, adoro as duas (e tinha essa obsessão escorpiana com o sexo, pena que a GRACE KELLY não entra num top 5 meu ou vcs veriam o que é a PERSONIFICAÇÃO de uma escorpiana clássica do sexo).

Screen legend #16


3) Katharine Hepburn
12 de maio de 1907 – 29 de junho de 2003
Americana, taurina, sem filhos, solteirona. Ponto não, vírgula! Ela teve um romance de 25 anos com o Spencer Tracy, que por ser católico não quis se divorciar da mulher, mesmo os dois não vivendo juntos. Quando o Tracy morreu, em ’67, a Kate ainda teve as manhas de NEM IR no enterro para deixar a esposa à vontade. Você pode pensar que isso é papinho machista e colonial e tal, mas acho fino e digno. A edição em DVD de Núpcias do Escândalo tem um documentário classe A sobre a Kate e ela falando do Spencer, da perda dele, é de deixar a gente tristão.


Meu top 3:
1) Núpcias do Escândalo
2) De repente no último verão
3) Levada da Breca

Eu conheci a Katharine Hepburn muito tarde. Antigamente, eu até achava que ela devia ser aparentada da Audrey, na época que a Audrey era musa, e blá blá blá. Em 2004, quando eu vi O Aviador, ela ainda era uma desconhecida para mim – interpretada pela Cate Blanchett, ela me parecia MUITO MAIS interessante que a Ava Gardner da Kate Beckinsale. Recuperei as anotações sobre esse filme outro dia. Apesar do seu ar intimidador, a Kate teve seus casinhos e super romances vida afora. Apesar de mil e um percalços, de ter perdido um irmão cedo, depois ter perdido o Spencer, de “ser só”, a vida dela, ao contrário da Vivien, sempre teve uma nota de alegria. OK, alegria não é bem a palavra. Era uma conformidade, sem conformismo, um jeito de saber pegar a vida pelos chifres, let it be. Morreu de velhice, na casa da família.

A personalidade forte certamente ajudava. A Kate era de uma família liberal muito interessante e sempre teve muita consciência de si. Ela queria ser atriz e se dedicou à isso e, vejamos, com grande sucesso. É a maior vitoriosa da história do Oscar (quatro). Recentemente, a AFI fez diversas listas sobre o cinema, inclusive das Screen Legends. Do lado feminino, a Kate levou, deixando uma interminável discussão youtube afora sobre quem era mais versátil, ela ou a vice, Bette Davis. Jesus sabe que eu adoro a Bette. Acho mara. E também não é bem questão de versatilidade entre as duas. A Bette fazia melhor essa galera com carão e era o tipo que mais davam para ela, também... A Kate também tinha um tipo. Mulher independente, coisa e tal. Mas já falei nesse blog: o que faz toda a diferença na Hepburn são as sutilezas e como ela pode pegar dois papéis que têm tudo para ser mais do mesmo e fazê-los de maneira diferente. É de chorar na frente da TV. Hoje em dia, racionalmente, já acho a Kate a maior atriz aí do cinema. No duro. Mesmo. Claro que eu ainda gosto mais da Ingrid (atriz excepcional e, essa sim, versátil pra caralho, apesar dos que querem dizer que só fazia a mocinha casta).

Screen legend #1


4) Greta Garbo
18 de setembro de 1905 – 15 de abril de 1990
Sueca, virginiana, sem filhos ou maridos (botando assim lado a lado vc vê que exagero a pessoa ser sueca e virginiana, no caso da Garbo isso pegou...)

Meu top 3:
1) Ninotchka
2) Love
3) Rainha Cristina

Eu sempre gostei da Garbo. Acho que é um dos maiores ícones do cinema (dessa lista aqui, a maior, no geral acho que só perde pra Marilyn e pra Audrey). Hoje em dia já tenho mais reticência com ela e alguns filmes, com toda aquela eloqüência e melodrama me parecem meio over. Ela tem muitas banalidades na filmografia e tals, algumas até bem incensadas, mas o fato é que por mais cafona que seja o filme ela nunca está mal. Ela pode estar, com aquele sotaque enlouquecedor, falando coisas uó em um tom estranho: a câmera amou essa moça de um jeito inédito, aqui essa máxima é real.

Alguns takes de filmes da Garbo fazem a gente morrer – são pura beleza. O Tynan no perfil sobre ela disse que “o que um homem vê bêbado em outras mulheres, vê sóbrio em Greta Garbo”. Mais pra frente no perfil ele fala também de como pairavam dúvidas sobre gênero e sexualidade sobre a atriz e compara com Marlene Dietrich e Kate Hepburn, para dizer que Garbo as transcende nesse aspecto.

Muito se disse sobre o mito que ela mesma ajudou a criar (não ajudamos sempre?) e de fato não acho que importa muito se ela era inteligente, gay, estúpida. É claro que me sinto atraída por essa mítica Garbo “i want to be alone” – e sim, ela fala isso no Grand Hotel. A Garbo tinha mil esquisitices e queria ficar sussa, como não relate com isso? Ela não largou a cena, apenas todos os ensaios para voltar deram errado. Sussa. Ela ficou vivendo aí, mítica, e um dia morreu por conta de uma pneumonia, banal assim.

Dizer que a Garbo é uma esfinge é um clichê, embrulhadinho de Natal para vocês. No final da contas, o Tynan diz que Garbo merece o reconhecimento por ter se mostrado para as câmeras como ninguém mais, mas recusa aceitar que ela tenha sido uma grande atriz, de fato. No fundo, talvez, ele tenha razão, mas ouso dizer: Who cares?

Vejam um trechinho bonito desse perfil:

“Um amigo hispanófilo me corrigiu; segundo ele, ‘garbo é a graça animal sublimada – a ostentação de um charme natural, aplomb contaminado por joie de vivre, inato, brioso, controlado, o atributo essencialmente feminino (mesmo em toureiros)’. Em suma, ‘garbo’ é Garbo sem a melancolia, sem intimações de mortalidade. A palavra descreve o embrião, a maiúscula inicial a investe de alma. É a diferença entre Gösta Berling e Ana Karenina”.

Screen legend #5


s2

QUINTO LUGAR

tá cruel aqui. Louise Brooks, Susan Hayward, Cyd Charisse, a maravilhosa Bette Davis? Gosto muito da Grace Kelly e simpatizo com a Rita Hayworth mas acho que essas, no momento, estão fora do meu top.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

where in the world is carmen san diego?

eu não posso exigir nada, nada, e essa postura passiva é uma das coisas que me mata. ficar esperando, esperando, esperando, por algo que você sabe que não vai vir. estou me sentindo tão inquieta, ansiosa e com um plus gigantesco de tristeza/melancolia que queria ficar dormindo ou dopada o tempo todo.

não consigo ler, não consigo me concentrar para ver um seriado por 40min e durante um filme me distraio mais que tudo. sei que é da minha cabeça. sei que é bisesão. preciso encontrar um way out of it independente de qualquer coisa, por mim mesma e para mim mesma. não quero essa vida de refém, ponto.

doida que chegue março, rio de janeiro, para começar a viver com com essa galera de salvador no SPAM, como bem disse thiago...

trilha sonora do momento: beirut, deerhunter

domingo, 7 de dezembro de 2008

Rio de Janeiro vs. São Paulo

Eu troquei São Paulo pelo Rio de Janeiro. É até um pouco surreal. Dayane disse que eu estava trocando seis por meia dúzia; não chega a ser um absurdo. Eu mesma, quando retornei do Rio – primeira e única viagem, em 2005 - disse a todos que era tipo Salvador maximizado, mais bonito e mais gente grande. Mas era uma vibe que eu não queria para mim e, para ser sincera, eu tive que fingir um encanto para toda minha família quando voltei do Rio porque a viagem foi um pavor. Não foi nem a cidade e nem os fatos; tive um ataque de ansiedade e choro e saudades de casa porque pela primeira vez estava longe de casa e da minha família – em 2007, fui para Recife numa reprise dessa situação mas me sai muito melhor.

Eu me lembro que o Rio é bonito e arborizado, mas não me encantou. Tenho umas lembranças até meio esdrúxulas, de estar andando nas ruas atrás de Lucas Fróes, que ia dar a dica de uma loja de CDs.

O Rio é quente, é praieiro, tem um culto louco à beleza. São Paulo é mais concreto, cinza e gente perdida. Acho que foi nesse ponto que acabou se perdendo. Eu adoro uma brinks e tals, mas montação e essas coisas eu aprecio somente em doses homeopáticas. Se eu tivesse que viver com isso, como sei que teria, em SP, acho que ia morrer. Com esse mundinho fashionista descontrol. É incrível como as duas cidades vão estar repletas deste tipo de superficialidade – e eu nada tenho contra superfícies e muito menos futilidades – e isso de certa maneira vai me cansar.

Eu nem conheço São Paulo, a América. Vou conhecer em março, no apocalíptico final de semana do Radiohead. Talvez eu me arrependa. Vai saber? Acho que sempre vou parar e pensar no que poderia ter sido – é inevitável. Mas o que eu preciso realmente é um restart. Por que salvador não é tão ruim assim, fora o calor maligno, mas é muito casa, passado, presente... Não sei começar uma nova vida aqui. Não vejo como. Eu preciso sair disso aqui. Faz parte. Todo mundo quer bailing this town, qualquer que seja ela... Aposto que tem gente em Londres e Paris se sentindo sufocada e pensando em como sair dessa armadilha/cilada da vida. Porque a gente nasce, cresce e estabelece raízes nocivas – e é preciso novos ares... Eu sei, Hilda Hist, que ainda que se mova o trem, tu não te moves de ti, mas a gente precisa de algo pra ir enganando né?

E é uma besteira, mas eu fico pensando na Aimee. Sempre achei idiossincrático ela morar em Los Angeles (mora em Los Feliz, é uma piada pronta ou o que?). Ontem, com isso em mente, comprei a revista do Paulo Borges especial de Los Angeles – só vi a de Londres, que Thiago comprou, e cheguei a namorar Tókio, mas deu em nada. LA é uma cidade gaydacu e mágica ao mesmo tempo e acho que isso bem se aplica ao Rio – mas a verdade é que me mudo por uma atmosfera, companhia e por teoria, não por ímpeto & mágica.

Espero um 2009 foda, não aceito menos que isso. Sair de Salvador, da casa dos pais, me lançar na vida, ver o Radiohead ao vivo – torcendo pelo Sonic Youth em maio também... Tá batendo em 2008 – ano de monografia e formatura, pois não – com o pé nas costas.