segunda-feira, 26 de março de 2007

A noviça rebelde



O filme é longo como ...E O Vento Levou, mas ao contrário desse parece menos apressado. ... E O Vento Levou, afinal de contas, vara anos, acompanhando boa parte da vida de Scarlett. Mas não quero com isso dizer que EOVL é corrido; acho, pelo contrário, que é o ritmo d'A Noviça Rebelde que é um pouco inconstante.

O filme já começa com uns três minutos dedicados a exibir a paisagem... Matas, montanhas, lagos (o filme foi feito na Áustria, em partes, em Salzburg, terra de Mozart). Um take lindo mostrando a cidade. Tudo lindo e tals, mas parece um prelúdio. Da cidade vai girando, chega numa colina, a música incidental chega ao seu ápice, a câmera vai fechando e vemos Julie Andrews girando, girando. Essa é uma das minhas cenas favoritas do cinema. Acho demás.

Depois de cantar The Sound of Music (título original do filme), ela ouve os sinos do convento, se percebe atrasada e sai correndo. Uma explosão de energia.

Entram os créditos, com cenas da cidade de fundo. É quase turístico. Ou então: veja, saímos dos estúdios, estamos caprichando nesse aqui.

Logo estaremos acompanhando a estória de Maria, noviça que sempre acaba se envolvendo em problemas (explicados no delicioso número musical executado pelas feiras, How do you solve a problem like Maria). Para tentar ajudá-la a compreender se seu futuro está realmente no convento e também ajudar uma família, a madre chefe a encaminha para a casa de um capitão do mar, no papel de governanta.

Daí entra em cena a clássica história da babá amorosa e criativa que derruba as barreiras das crianças magoadas e mimadas (de maneira um pouco didática, acho, tudo cheio de pingos no is). Claro que depois ela conquista o rígido viúvo, pai das crianças. E aí, depois de um intervalo, vem a segunda parte, sobre a ascenção do nazismo e a necessidade de fuga da família, que se recusava a hastear a suástica em lugar da bandeira nacional. A quebra do ritmo é forte. Parece muito, e é, parte 1 e parte 2, quase que dois filmes diferentes. Só que a segunda parte é menor. Enfim.

O filme é recheado de números musicais e, apesar de preferir Mary Poppins, acho que Julie Andrews está bem melhor neste. Maria, que tem um quê de selvagem, ganha um ar de candura muito agradável com sua atuação. Eu adoro a Julie Andrews. Quando ela está indo para a casa do capitão, primeiro sai triste e desconfiada. Se pergunta porque não está feliz, com seu futuro aberto, diante de si... E vai melhorando, ganha ânimo, e logo está cantando muito no caminho, dançando, é demás; ela tem confiança em si, na luz do sol, na chuva, na primavera que vai chegar... Tem confiança de que tudo que precisa está nas suas mãos, tem confiança nessa confiaça... Acho extasiante.


Acompanhe:

I have confidence, the world can all be mine
They'll have to agree I have confidence in me
I have confidence in sunshine
I have confidence in rain
I have confidence that spring will come again
Besides which you see I have confidence in me
Strength doesn't lie in numbers
Strength doesn't lie in wealth
Strength lies in nights of peaceful slumbers
When you wake up, wake up!
It's healthy
All I trust I leave my heart to
All I trust becomes my own
I have confidence, in confidence alone
(Oh help........)
I have confidence, in confidence alone
Besides which you see I have confidence in me


Na segunda temporada de Gilmore Girls, quando Jess chega a Stars Hollow, ele vai dar uma volta para conhecer a cidade. Ao por os pés para fora, olha desanimadamente. E começa a tocar This is Hell, do Elvis Costello ("this is hell, this is hell, I'm sorry to tell you/ It never gets better or worse"). Lá pelas tantas, Elvis canta, se sentindo bullyng pelo mundo: "My Favourite Things are playing, again and again/ But it's by Julie Andrews and not by John Coltrane"...

Eu prefiro a versão da Julie e ontem, revendo o filme pouco antes de pegar no sono, me perguntei o que isso queria dizer.

Vídeo o pedaço do How Do You Solve A Problem Like Maria (na real chama só Maria)

sexta-feira, 23 de março de 2007

Emily Dickinson


I'm Nobody! Who are you?


I'm Nobody! Who are you?
Are you -- Nobody -- Too?
Then there's a pair of us!
Don't tell! they'd advertise -- you know!

How dreary -- to be -- Somebody!
How public -- like a Frog --
To tell one's name -- the livelong June --
To an admiring Bog!

quinta-feira, 22 de março de 2007

Sylvia Plath


Soliloquy of the Solipsist

I?
I walk alone;
The midnight street
Spins itself from under my feet;
When my eyes shut
These dreaming houses all snuff out;
Through a whim of mine
Over gables the moon's celestial onion
Hangs high.

I
Make houses shrink
And trees diminish
By going far; my look's leash
Dangles the puppet-people
Who, unaware how they dwindle,
Laugh, kiss, get drunk,
Nor guess that if I choose to blink
They die.

I
When in good humor,
Give grass its green
Blazon sky blue, and endow the sun
With gold;
Yet, in my wintriest moods, I hold
Absolute power
To boycott any color and forbid any flower
To be.

I
Know you appear
Vivid at my side,
Denying you sprang out of my head,
Claiming you feel
Love fiery enough to prove flesh real,
Though it's quite clear
All you beauty, all your wit, is a gift, my dear,
From me.

terça-feira, 13 de março de 2007

Não percam!

(cliquem na imagem para aumentar)


Gente, nada como uma baladinha pra espairecer dessa vida cretina. De vez em quando temos que marcar qualquer coisa, um café, um cinema, álcool, pizza, baladinha etc... Eu, enquanto mulher convido você pra aparecerem lá, para comemorar meu niver na balada... de mendiga!!


Confiram as atrações:


NAVE

Rock - Pop - Electro

DJs:Janocide

el Cabong

Érika Martins (RJ)

Gabi A.

neechee x Lecker

Anap


17/3/2007 23h R$15 (sem consumação mínima)

Boomerangue (Rua da Paciência, 88, Rio Vermelho) Salvador-BA

da veja

Uma vida inútil
Maria Antonieta, de Sofia Coppola, é bem mais político do que quer parecer.

Isabela Boscov



Em Maria Antonieta, que estréia nessa sexta-feira no país, a música vem de bandas como New Order, AIR e Gang of Four; os tons pastel que tingem as roupas e os cenários são os mesmos dos confeitos que a corte consome; a linguagem é casual, sem empostação; e Versalhes, aquela pocilga magnífica, aparece livre dos cheiros medonhos e dos excrementos humanos e animais que, na falta de qualquer tipo de instalação sanitária, se acumulavam em seus cantos. A diretora Sofia Coppola quer porque quer, enfim, deixar claro que esse não é um filme “histórico” ou “de época” sobre a arquiduquesa austríaca que, entregue aos 14 anos em casamento ao príncipe francês Luís XVI (15 anos, obeso e passivo), viria a simbolizar todos os males do ancien regime e, na visão de alguns estudiosos, servir de estopim à Revolução Francesa de 1789.


Filmes históricos são aborrecidos e distantes, justificou Sofia em diversas entrevistas, ao passo que o seu seria uma interpretação pessoal da trajetória de uma menina obrigada a sobreviver sozinha no ambiente hostil e sufocante da corte francesa. Famosamente, Maria Antonieta (no filme, Kirsten Dunst) encontrou um expediente para facilitar sua vida: seu dom para inventar e ditar moda. Calcula-se que ela gastava, por ano, o equivalente a 7 milhões de dólares em seus vestidos impossíveis. Era o dobro do que o orçamento do estado alocava para esse fim, e muito menos do que ela desperdiçava ainda em diamantes, jantares, penteados pouf e na manutenção de seu retiro pessoal, o Petit Trianon. O filme faz jus à obsessão da rainha, nos figurinos da excelente Milena Canonero e nos sapatos encomendados a Manolo Blahnik. E, em mais uma demonstração de como a tática de Antonieta funcionava (a seu favor e contra ela), muita gente caiu no conto de Sofia – a começar pela imprensa francesa, que vaiou em peso o filme no último Festival de Cannes. Mas não é o caso de se deixar enganar. Maria Antonieta é, sim, um filme “histórico”. Não apenas pela fidelidade com que adere à biografia da rainha que serve de base, lançada em 2001 pela inglesa Antonia Fraser, como no jeito sem-querer-querendo com que evoca o culto obstinado ao ócio e à artificialidade de um estado que se havia divorciado escandalosamente das pessoas às quais deveria servir. Maria Antonieta é, de certa forma, a biografia de uma vida inútil. E é também, como nos filmes anteriores de Sofia, As Virgens Suicidas e Encontros e Desencontros, a história de uma jovem que não tem nenhum poder sobre si mesma.


Sofia andou ela própria à deriva, teoricamente oprimida pela sombra do pai, Francis Ford Coppola, até se reconfigurar como cineasta (depois de ser atriz, estilista, fotógrafa ou apenas princesa do pop e do chic, título que ainda ostenta). Não é difícil a ela, portanto, entender a Maria Antonieta descrita na biografia de Antonia Fraser. Filha da imperatriz Maria Teresa da Áustria, um animal político que, curiosamente, nunca se interessou em cultivar nas filhas um tino ou uma desenvoltura comparáveis aos seus, a jovem arquiduquesa foi sempre um peão. Serviu, primeiro, como oferta de uma aliança entre as inimigas Áustria e França; depois, foi apropriada pela Revolução (que a decapitaria em 1793) como emblema de tudo de vil que havia no absolutismo. Antonieta não desempenhou bem o primeiro papel: Luís demorou sete anos para consumar o casamento. Em cada um desses cerca de 2500 dias, Antonieta teve os lençóis vasculhados em busca de secreções, e o insucesso em produzi-las divulgado por toda a corte e a nação. Sem um herdeiro, sua situação era precária. Daí, especula-se, Antonieta, coroada rainha em 1774, ter procurado deleite e poder na criação de sua imagem. Isso, ela fez com sucesso inqualificável.


Ao contrário de monarcas como Cleópatra ou Elizabeth I, entretanto, Antonieta não se vestiu para intimidar e controlar;ela se vestiu como uma atriz (o que, à época, era quase que uma meretriz), para a fruição pública., ou como uma garota carente que tenta preencher seu vazio no shopping center. Trata-se da alienação suprema –e, se Maria Antonieta permanece alheio à convulsão que se desenrolava além dos portões de Versalhes, é porque as avestruzes lindamente emplumadas que estavam no interior do palácio também o faziam. A rainha, ao que se presume, surpreendeu-se ao se ver convertida na personificação do abjeto, e aí está a lição política do filme de Sofia: não há nada mais frustrante e insatisfatório – além de perigoso – do que um símbolo que não está no controle do que simboliza.

segunda-feira, 12 de março de 2007

off topic

hoje fiz uma coisa chamada revolução solar. pelo que entendi, como o sol não faz um movimento circular exato, o que conhecemos como aniversário nem sempre vai ser na exata hora de nascimento, às vezes nem no mesmo dia. a partir desse momento, começa seu "ano pessoal". o meu irá começar esse sábado, às 10h17m. estava estranhando as conjunções do céu em relação a mim (astrologicamente falando). todos envolviam animação, bons momentos profissionais, discernimento etc. um deles dizia: "É curioso observar, Caroline, como muitas vezes passamos dias, às vezes até meses e anos mergulhados numa chateação ou ressentimento. Remoemos aquilo, até que de repente - bum! - a coisa passa. Em geral, são nos ciclos positivos de Marte com a Lua que a pessoa simplesmente "espana a poeira" e se livra de emoções chatas que não lhe servem mais. E este momento, para você, é agora! Daí a importância de, neste momento, conhecer gente nova, permitir-se trocar emoções com os outros, fazer coisas que lhe dão prazer. É um bom momento para o intercâmbio de sentimentos, para a expressão das emoções, sobretudo com as pessoas mais íntimas, da família, os amigos mais chegados, ou os amores."

as minhas coisas não estão passando. não que esteja ressentida, mas certamente não estou espanando porra nenhuma. na realidade, hoje senti com toda força que botei o pézinho no inferno astral. como é possível estar no inferno astral e receber esses trânsitos no email? é brinks?

daí vou ler a tal da revolução solar. começa falando que o meu signo dominante esse ano é gêmeos. pqp, já vi que isso não vai dar certo. segue falando que isso quer dizer que tenho que me valer da comunicação, que vou conhecer muita gente interessante... gêmeos deve ser a parte mal resolvida da minha tríade astrológica (peixes-touro-gêmeos), porque além de ser o signo mais ambíguo de todos e que mais me deixa confusa, não devo saber lidar com isso. sei lá. isso parece brinks dos astros, porque estou na fase mais enjoada das pessoas ever. conversei com thiago um dia desses sobre como não estou realmente a fim de conhecer ninguém. fechei as cotas pra amigos. falei pra ele que tinha medo de enjoar dos meus amigos, afinal senão fazemos novos temos que nos apegar aos que já temos, risos risos. não enjoei de ninguém, só que não estou muito de papo, muito disposta. às vezes sinto que estou no meu pior período, não em questão de me sentir deprimida e triste (hoje me senti um pouco triste e cansada dessa vida, num âmbito bem existencial), mas de perceber que não estou fazendo nada interessante, nem mesmo conseguindo manter conversas interessantes, e nem estou muito interessada nisso. fundo do poço.

depois tem essa parte que fala que será um ano agitado, intelectualmente estimulante, sem tédio. parece brinks, mas tudo bem, não começou ainda... no balanço, como gêmeos é um signo dual, irei sentir muita contradição...

pra minha posterior consulta:

sol no meio do céu (casa 10)
lua em peixes
mercúrio em aquário
vênus em áries (agressivo!)
marte em aquário (bom!)
saturno na casa 3
júpiter na casa 7
urano na casa 10

não tem mais plutão, galera!! urano e marte provavelmente vão ficar aí minha vida toda. abç

Da Set

A escolha de Sofia, por Carmen Neilstein


Nascida no meio de um set de filmagens, Sofia Coppola deixa de lado a decepção como atriz para se firmar de vez como diretora no ousado Maria Antonieta.


Aos 35 anos de idade, Sofia Coppola fez uma aposta alta no seu terceiro longa-metragem de ficção. Maria Antonieta, que traz Kirsten Dunst no papel-título, reproduz o tour-de-force empreendido por uma jovem austríaca de 14 anos na corte francesa do século 18. Prometida pela mãe, a rainha Teresa do Império Austro-Húngaro, ao futuro rei Luís XVI da França,ela enfrenta o desafio de despertar o interesse sexual de seu jovem parceiro, de cativar uma nobreza hostil e de se manter firme na sua posição de futura rainha.


Mais uma vez, Sofia mergulha no universo feminino, tema recorrente em seus filmes. Ao eleger Maria Antonieta como personagem e símbolo, ela indaga sobre como essa jovem enfrentou o rito de passagem da adolescência para a idade adulta, apesar de toda a riqueza e ostentação que estava ao seu redor. Mais ainda: identifica nela a inocência nociva de uma classe dominante voltada para si mesma e completamente irresponsável. É uma aposta alta, incompreendida pelos críticos franceses durante o Festival de Cannes do ano passado, mas ainda assim ousada, como explica a diretora na entrevista a seguir.

Qual a origem desse projeto?

Depois de As Virgens Suicidas, procurei algo completamente diferente e li a biografia Maria Antonieta, escrita por Antonia Fraser. Maria Antonieta tinha apenas 14 anos quando foi para Versalhes se casar com o futuro Luís XVI. Nunca havia me dado conta de como ela era jovem, só sabia os mitos e os clichês habituais em torno dela. Foi interessante ler como ela cresce em um contexto extremo como era o da corte real de Versalhes, com suas intrigas e o poder político. A idéia era mostrar a diferença entre os mitos, a visão que se tinha de Maria Antonieta e mais ou menos da verdadeira rainha: uma adolescente que era jovialmente vibrante e impressionantemente contemporânea em suas lutas contra a solidão, o amor, os desejos, a maturidade e as fofocas na corte real. A história que eu queria contar começa com a chegada dela a Versalhes e termina com fuga de lá. Meu desejo era acompanhá-la desde a juventude até virar uma mulher, para que o público pudesse ver sua transformação e sua jornada através dos obstáculos com os quais se depara. E como ela finalmente surge como uma rainha no balcão do palácio.


Você pode explicar uma das últimas cenas, quando Maria Antonieta abre a janela e fala para a multidão?

Quando me contaram a história do balcão de Versalhes, soube que esse foi o momento que ela se tornou rainha. E, claro, há algo de especial nessa cena. Ela se oferece à turba, à esfomeada classe trabalhadora francesa. Minha intenção era mostra esse instante, quando ela se torna rainha de verdade.


Foi questão de equilíbrio torná-la uma pessoa ambígua?

Não queria que ela fosse uma heroína ou uma vilã. Queria mostrar o lado humano dela.

A obsessão de Luís XVI por cadeados é obviamente uma metáfora sexual. Quando o casamento não é consumado, o irmão de Maria Antonieta refere-se à defloração dela usando um cadeado como exemplo. Como surgiu essa idéia?

Eu achava que essa história era um senso comum. Imaginei o diálogo entre o irmão de Maria Antonieta e Luís XVI, porque ninguém sabe o que falaram. O que li enquanto estava fazendo a pesquisa foi que houve uma conversa entre eles sobre sexo. O rei pediu a ele para falar com Luís XVI sobre o assunto.


O que você sabe acerca do caso dela com o soldado dinamarquês?
Ninguém sabe por quanto tempo eles trocaram cartas nem quanto tempo eles passaram juntos. Parece que eles tiveram um romance, pelo que eu li. Pelo menos, espero que tenham tido um.

Você acha que Maria Antonieta era incompreendida porque era muito jovem ou porque era austríaca?
Muitos aspectos contaram. Os franceses e os austríacos não gostavam uns dos outros, por isso havia muita hostilidade em relação a alguém que era austríaco. Na época, as pessoas faziam piadas a respeito de Maria Antonieta.

O que fez você fazer o filme em inglês e não em francês?
Nasci nos Estados Unidos e trabalho em inglês. E gosto de filmes como Ligações Perigosas. Esse filme é em inglês também. E queria trabalhar com Kirsten Dunst. E não ia aborda-lo como um trabalho de época convencional.


Por que o rock no filme?
Isso teve a ver com o fato de que Luís XVI e Maria Antonieta serem adolescentes. por isso, coloquei a música para refletir suas emoções, em contraste com a música mais formal da corte.


Além do rock, há outro anacronismo no filme, um tênis. Há mais dessas brincadeiras no longa?
Não, nada além disso. E eu só queria brincar nessa cena.

Você poderia explicar o uso da música – a maior parte dela pop rock dos anos 80 – no filme?
Queria misturar música de época e música contemporânea, desejava trazer o espírito do new romantic para dentro do filme. Por exemplo, usei “I Want Candy”, do Bow Wow Wow, como expressão dos impulsos de Maria Antonieta para se realizar por meio do prazer. Quando eu era mais jovem, meu irmão ouvia música dos anos 80. Queria que a trilha tivesse esses elementos. E também porque há um espírito divertido nessa parte do longa.

Quando a gente vê o pôster,a primeira coisa que vem à cabeça é o Sex Pistols. É uma referência ao punk?
Não tanto ao espírito punk, mas mais a Malcolm McLaren, ao Spandau Ballet e Bow Wow Wow. Há algo de irreverente no fato de esses dois garotos estarem encarregados de um país.

O que há em Kirsten Dunst que a fez querer trabalhar com ela pela segunda vez seguida?
Kirsten tem um talento para expressar as emoções sem muito esforço. Apenas um simples movimento. E quando li a respeito de Maria Antonieta, a descrição de sua personalidade, imediatamente a imagem de Kirsten veio à mente porque ela é muito brincalhona, divertida e “menininha”, mas também tem um lado muito sério.

Quais foram os prós e os contras de filmar em Versalhes?
Foi incrível filmar no verdadeiro chato de Versalhes e ter a possibilidade de recriar o mundo em que Maria Antonieta viveu. Tem tanta história que ajudou os atores a entrar nos personagens.

Você assumiu uma liberdade artística ou foi fiel à história?
Baseei tudo nos fatos que pesquisei, mas também usei minha imaginação, já que não sabemos o que ela conversava com as amigas quando estava nas salas privadas. Imagino sobre o que as garotas falam e o que elas podem ter falado. Mas a maior parte disso foi baseado em histórias verdadeiras.

A certa altura, você ofereceu o papel de rei a Alain Delon. O que aconteceu?
Quando pensei em escalar um ator para o papel de rei da França queria alguém que fosse conhecido por sua popularidade entre as mulheres. E queria um ator francês. O rei era conhecido por seu amor pelas mulheres e era bonito. Imediatamente pensei em Alain Delon. Ele achou uma péssima idéia fazer esse filme em inglês, mas fiquei feliz com Rip Torn.

A vida de Maria Antonieta foi determinada desde o nascimento. Você já se sentiu assim por ter nascido no mundo do cinema?
Nascer na minha família me permitiu ver o mundo e viajar bastante. Não fiquei numa bolha.

O que você aprendeu sobre Maria Antonieta? Você se identifica com ela?
É um tema universal, toda garota passa por isso. Você tem de fazer escolhas, é sobre encontrar sua identidade, lutar contras as expectativas que as pessoas têm de você, o que está ao seu redor. Apenas essa transformação de uma jovem em adulta. Em um aspecto humano, eu posso me relacionar com isso e, claro, Maria Antonieta é um exemplo muito extremo de uma garota. Não posso imaginar com ela se sentia, mas fiz o máximo para chegar a esse resultado.


OS TRABALHOS DE SOFIA

Uma filmografia bem curta, poderosa e muito feminina

As Virgens Suicidas (1999)

Sofia Coppola inspirou-se no romance homônimo de Jeffrey Eigenides para fazer seu primeiro longa-metragem de ficção, filme que investiga as razões pelas quais cinco irmãs resolveram se matar em um subúrbio de Detroit, nos anos 70. Desde cedo, ela debruça-se sobre a questão feminina e ao tédio que assola uma parte significativa das jovens gerações. Sua primeira colaboração com Kirsten Dunst.


Encontros e Desencontros (2002)

Se parecia hesitante no primeiro filme, Sofia mostrou decisão na segunda chance. Nesta comédia romântica heterodoxa, ela volta a tratar da questão feminina e do tédio. Só que desta vez o olhar é de um homem, o “ator” interpretado por Bill Murray, e a abordagem é mais sofisticada. Os personagens são celebridades entediadas com o meio onde circulam, pessoas em busca da liberdade do anonimato e da espontaneidade que parece ter se perdido. Há um tom predominante de melancolia, dado pela impossibilidade de o romance entre Murray e a personagem de Scarlett Johansson se concretizar. Mas existe uma esperança no ar, de que essas lacunas sejam preenchidas um dia.

Maria Antonieta (2005)

Inspirada na biografia da rainha, escrita pela historiadora inglesa Antonia Fraser, Sofia aposta na radicalização do retrato histórico, na subversão das referências e na mistura de elementos. Sem se dar conta de que não existiam, no século 18, conceitos modernos como adolescência, ela mostra como uma jovem mulher de 14 anos sai do lar onde foi concebida e educada, no conservador Império Austro-Húngaro, para ser rainha de uma das potências da época, a França. Seu papel como arrimo de uma família real que lutava para manter o status em uma Europa dividida era determinante e um fardo muito pesado de se carregar. Para quebrar o peso dessa premissa, ela interfere com música pop – a new romantic dos anos 80m que celebrava, como os nobres franceses, o hedonismo.

Crítica:
Maria Antonieta
Sofia Coppola vê a queda da monarquia francesa com olhos falsamente ingênuos

Desde que foi exibido no Festival de Cannes, em maio do ano passado, Maria Antonieta está sendo julgado por aquilo que não é. O filme de Sofia Coppola não é uma simples cinebiografia da última rainha da França, historicamente retratada como uma mulher insensível, fútil e frívola. Talvez seja mais o recorte de uma vida, a tentativa de entender a pressão sofrida por uma jovem arrancada do convívio familiar e mergulhada em um mundo completamente estranho para aceder aos caprichos da mãe ávida por poder. Nesse sentido, pode-se dizer que Sofia também está na categoria dos incompreendidos, já que os críticos – os franceses – não compreenderam sua proposta.

Maria Antonieta acompanha a permanência da rainha (Kirsten Dunst) na corte de Versalhes dos 14 aos 30 anos, quando foge da fúria dos camponeses revolucionários. Rodado nas dependências do suntuoso palácio real francês, o filme exibe rigor na reconstituição daquela época. O que dá a sensação de que algumas coisas não se encaixam: o tênis do futuro rei Luís XVI e a trilha sonora dos anos 80. O anacronismo, nesses dois casos, está de acordo com a proposta de Sofia, que é criar um respiro nessa história.

A trilha sonora esconde outra função, esta muito mais subliminar. Composta basicamente por música pop, com ênfase no new romantic, a trilha acompanha o espírito hedonista que rondava a corte francesa. Essa tendência dos anos 80, que treve em grupos como Duran Duran, Bow Wow Wow e outros seus principais representantes, celebrava esse espírito em oposição ao rock clássico e de protesto que prevaleceram nas décadas anteriores. Parece apenas um detalhe, mas a leitura que permite faz toda a diferença. E Sofia sabe disso.

Nota:8

Alessandro Giannini

domingo, 11 de março de 2007

aquecimento

caros miogs,

não é segredo para ninguém a minha ansiedade com relação a maria antonieta, da sofia coppola. já faz tanto tempo que espero esse filme que quando aline me disse que chegaria aqui dia 16 de março, essa sexta, falei: já?? para logo depois me lembrar que de “já" não tinha nada. é um presente de aniversário do destino. passei esses meses vendo fotos, fofocas, críticas e me recusando a ceder a minha amada tecnologia e baixá-lo. quero ver esse filme do melhor jeito que puder (motivo pela qual espero que não chegue só na SaladeArte, admito que prefiro ver no multiplex, que infelizmente está se tornando insuportável, com adolescentes idiotas e histéricos todos os dias da semana... mas isso é outro assunto).

de qualquer jeito, estou preparada para me decepcionar (embora espere que não, risos contraditórios). não porque os críticos franceses não gostaram ou porque foi vaiado em cannes. estou preparada porque não acho a sofia uma diretora irretocável, ela não é infalível, e também porque estou muito ansiosa. quando fui ao cinema ver encontros e desencontros, saí um pouco decepcionada; estava com expectativas muito altas, saí assim-assim, mas sei e soube na hora que era um bom filme. mas me decepcionei.

estou atenta ao fato de que isso pode acontecer. mas já me preparei para o caso do filme ser ruinzinho mesmo. pelo menos vou enjoy os lindos (lindos!) figurinos, as cores exorbitantes, vou ficar vendo o modelo lindo que faz o amante austríaco da rainha (e a campanha da calvin klein com a kate moss), ouvindo the cure, strokes, bow wow wow, radio dept. etc. e ainda tem a marianne faithfull!


para essa querida semana, to com os textos sobre o filme saídos na set (entrevista e crítica), veja (meio risível) e uma matéria da piauí sobre a rainha, que tangencia o filme e é muito boa. fora isso, vou trazer outras críticas também. ia colocar tudo aqui, num especial gigante, mas a matéria da piauí é grande e estou com preguiça de digitá-la agora.




momento gossip:

aqui mesmo nesse blog eu já tinha dito que achava o fabrizio e a drew o casal mais cool do mundo. daí no início do ano começou a surgir o boato de que eles tinham terminado. eu, assim como todas as tontas da comunidade do orkut destinada ao casal, me recusei a crer até sair uma confirmação oficial. o tempo foi passando e a notícia dava em todo canto, e eu comecei a acreditar, com certo pesar. mas as pessoas da comunidade eram: não, não e não. aí um dia drew falou que tinha acabado e muito perto saiu na net uma foto do fabrizio com a kirsten dunst. parece que o mundo dessas pessoas veio abaixo. parece que todas essas pessoas têm 15 anos. me irritei com os xingamentos que fizeram a kirsten (muitos ok) e sai da comunidade. sim, gostaria que o fabrizio continuasse com a drew, e sei que esse tipo de pensamento já é uma idiotice, queria ligar menos pra essas coisas (tipo, foda-se se a jennifer garner é idiota e casou com o ben affleck - e ainda deu ao mundo um filho dele!), mas essas pessoas conseguem dar um passo adiante na cretinice. luto de namoro quem deveria ter, ou não, era ele (que por sinal foi quem levou o pé na bunda). e se a kirsten fica com vários caras, bom pra ela (fabrizio e o jake, por exemplo, pitéis, o adam brody também é bonitinho). as ofensas são nesse nível pessoal ("megaslut", "horrorosa") e profissional, desde gente falando que ela surgiu do nada (estranho, esse) até os que dizem que ela é totalmente desprovida de talento. não acho a kirsten linda, mas horrível ela não é. e sempre achei underrated (falando do talento). certamente ela não é cool como a drew e não é cult também; tem um monte de filme trash sem graça no currículo. mas até aí muita gente despreza a drew por fazer tantas comédias românticas (eu acho que ela as faz muito bem e maioria tem certo charme). entendo que essas meninas histéricas estão... histéricas, mas pqp...



já a drew teve o nome ligado ao bruce willis, zach braff e o spike jonze. ai, spike. pelo menos ela estaria "subindo o nível", tipo, se bem que penso no ex-marido dela e não tem como cair, realmente.

(tudo bem que ela também não estava no ápice nessa fase, mas que coisa horrível esse homem... e ainda acho que essa foto não explora o potencial da feiúra dele)

momento piriguete:

taí o amante austríaco da maria antoniette. o nome dele é jamie dornan. lindo ok. ex da keira knightley, tem uma banda, é modelo e agora ator. participação especial da kate moss, lá embaixo.

novos filmes

é demais pra mim. kaufman trabalhando num novo filme, que ele vai dirigir porque o spike jonze está ocupado. no elenco, além do protagonista philip seymour hoffman, estão samantha morton, catherine keener e tilda swinton. genial! o filme, chamado synecdoche, new york vai ser a estréia de kaufman na direção. link no imdb: http://imdb.com/title/tt0383028/

catherine keener esteve em being john malkovich e adaptação, de passagem

tilda, sempre ótima.

samantha morton

comentários sobre o roteiro:

Synecdoche vai fazer Adaptação e Brilho Eterno parecerem filmes industriais educacionais. Ninguém jamais escreveu um roteiro como este. É questionável se o Cinema é até mesmo capaz de lidar com o peso temático e narrativo de uma história ambiciosa assim,” declarou o colunista Jay A. Fernandez, do Los Angeles Times, sobre o roteiro do filme de estréia de Charlie Kaufman na direção.

O protagonista (a ser interpretado por Philip Seymour Hoffman) é um diretor de teatro que pensa que está morrendo. Isso o faz repensar seu relacionamento com o mundo, a arte e as mulheres de sua vida. Segundo Fernandez, a história é, na verdade, “um épico violento, penetrante e metafísico que de algum jeito consegue ser universal de uma forma extremamente pessoal.” O colunista continua: “Ele contém com segurança as invenções visuais maravilhosas de Kaufman, personagens complexos, conversas idiossincráticas e prazerosas elaborações de tramas, mas o impacto coletivo disso vai deixar você sem fôlego.” (tirado do cinema em cena)


tá bombando, ein?


já o do spike (ai, spike; não faço segredo de que meu kaufman preferido é adaptação, seguido de quero ser john malkovich, ou seja, acho que o spike sabe mais das coisas que o gondry) se chama where the wild things are, também só vai dar as caras lá pra 2008 e é a adaptação de uma estória infantil; é engraçado que duas das atrizes que estarão em seu longa estão no filme do kaufman, que são a michelle williams e a catherine keener. vi em alguns lugares que será live action. a michelle vai contribuir com a voz, assim como o forest whitaker, o paul dano. já catherine irá aparecer (segundo o imdb).


do livro, que conta a estória de um mundo mágico imaginado por uma criança de castigo


michelle williams


isso lembra também que o gondry fez um filme que parece lembrar muito o brilho eterno. o nome é the science of sleep, escrito e dirigido por ele. vi o trailer no youtube (veja você também) e achei tão dejá vù que foi um pouco disgusting. e graças a deus não sou gael groupie; da charlotte não posso dizer o mesmo :)

enredo: following the death of his father in mexico, stéphane miroux (gael garcia bernal), a shy insecure young man, agrees to come to paris to draw closer to his widowed mother christine. he lands a boring job at a calendar-making firm and falls in love with his charming neighbor stéphanie (charlotte gainsbourg). but conquering her is no bed of roses for the young man and the only solution he finds to put up with the difficulties he is going through is escape into a dream world...

assim, gosto do brilho eterno e tudo e até acho que vou gostar desse aí também. só um tiquinho overrated?


pôster do filme, cujo título original é em francês, la cience des rêves


gael e charlotte


charlotte tá bombando agora, pós 5:55. protagonizou o elogiado nuovomundo, da diretora italiana emanuele crialese, e tem outros dois filmes interessantes encaminhados. um projeto do diretor todd haynes sobre a vida de bob dylan, com vários atores fazendo o papel do músico (christian bale, richard gere, cate blanchett, heath ledger etc), um para cada "fase". o filme se chama i'm not there e ainda conta (novamente!) com a michelle williams (vida séria pós- brokeback mountain, hã? ainda está na cinebiografia sobre as irmãs brontë) e a julianne moore. a charlotte faz o papel da sara dylan. o outro filme é um drama baseado em um livro, city of your final destination, com o anthony hopkins e a laura linney, no qual ela parece ter um papel menor.

cate blanchett como bob dylan

nuovomundo, filme de 2006

sábado, 10 de março de 2007

investida temática

dia desses estava conversando no msn sobre músicas com meu nome. não me lembro direito como surgiu o papo, algum comentário sobre goodbye, caroline, da aimee mann. eu comentei a verdade, de que existem muitas músicas com meu nome, ainda mais se considerarmos o diminutivo. ajuda o fato de que tenho a impressão de que na língua inglesa caroline é mais comum que carolina. mas é só uma impressão (ryan adams canta para carolina, os estados têm esse nome etc). nunca tive muitos traumas com meu nome terminar com -e e não com -a, que é considerado mais comum. não sei se já comentei aqui, mas minha mãe escolheu esse nome por sugestão de uma tia, inspiradas na princesa de mônaco (risos). quando era mais nova, gostava bastante de famílias reais, ainda gosto, e a de mônaco era a minha favorita, claro, mãe hollywoodiana, todos lindos e resplandecentes (vamos ignore user rainier). caroline era a minha princesa favorita (casar com seguranças e artista de circo é muito over, stephanie), até nascer alexandra, a filha caçula dela, que acho o máximo (fora de brinks).

isso foi uma digressão. voltando às músicas: sábado de tédio, coloquei caroline no soulseek pra ver o que aparecia. já conhecia a do beach boys e a do kaiser chiefs. resultado esdrúxulo, música de doom metal, punk pop, umas coisas anos 80, raça negra... destaco:

tarkio - caroline avenue; essa foi a primeira interessante. corri pro plugin do last fm e vi que é da banda anterior do cara do decemberists. aqui o nome é o que menos importa, obviamente, é o nome de uma rua e tals. achei a banda legalzinha, apesar desse nome medonho.
neil diamond - sweet caroline; aquela coisa meio oldie, mas achei caída.
splitsville - caroline knows; achei meio indie pop com tendência a twee no início. daí o cara começou a cantar com vozinha de natal. daí tudo passou a parecer de natal. aí ficou chato e acabou.
the jazz butcher conspiracy - caroline wheeler's birthday present; essa é legal, moderadamente divertida.
robert wyatt - to carla, marsha and caroline; interessante.
lou reed - caroline says I; boa.
girl in the garage - caroline, le jeu du téléphone ; francesinha, legal, suave.
john fair & daniel johnston - i did acid with caroline; HAHAHAHA. "i did acid with caroline, and we both have a real good time"
the go-betweens - caroline and I; bonitinha.
minhas preferidas ainda são a da aimee e a dos beach boys.
abç.

domingo, 4 de março de 2007

estou tão desanimada que ontem fiquei deitada pensando nas coisas que eu tinha que fazer e nas que eu queria fazer. anotei mentalmente: arrumar as prateleiras, organizar os livros, acabar de ler o livro da biblioteca (já estou com a entrega atrasada), ler as coisas da pesquisa, ler os textos de projeto, fazer o fichamento do texto de jornalismo online, endireitar aquele quadro na parede... a lista do que eu queria fazer era mais imprecisa... podia ir pro pc ficar ouvindo música, mas estava cansada...podia dormir, mas não estava conseguindo me concentrar... podia ler, mas não sei... não queria muito fazer nada a não ser tirar aquele cansaço e desânimo do meu corpo.
é deprimente pensar que só tem uma semana de aula e já queria um tempo...