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sábado, 28 de novembro de 2009

twilight (rs)

A primeira vez que eu ouvi falar de Crepúsculo foi cerca de um ano e meio atrás. Lembro de chegar no trabalho e discutir com uma colega, que admitiu que achava uma porcaria mas tinha algo tão ADITIVO que ela se pegou comprando as continuações ainda em inglês. Eu estava muito curiosa para saber qual era a do livro, do bafafá, blablabá e fiquei imensamente decepcionada quando li. Escrito pela mórmon (acreditem, faz diferença) Stephanie Mayer, Crepúsculo é uma história rasa de amor que mistura o romance com elementos sobrenaturais como vampiros e lobisomens. Senão bastasse tudo isso, a escrita é muito pobre.

Ainda assim, tive que concordar com minha colega: havia algo de aditivo e senti a vontade de ir adiante, para ver como acabaria tudo aquilo. Enfim, o livro pelo menos gerou curiosidade e darei esse crédito – embora seja mais do que curiosidade, é meio a ADIÇÃO mesmo. Esse quê incompreensível é que deve dar a nota do sucesso. Por que uma história tão banal e que de certa forma já foi contada tantas vezes (inclusive com seu elemento sobrenatural, vide o recente e também sofrível Os Diários do Vampiro) atraiu tanta gente no mundo? E mais, extrapolou o que eu vejo sendo seu público alvo, meninas de seus 12-16 anos, atingindo até balzaquianas que suspiram por um Edward?

Sinceramente, não sei a resposta exata. Claro, todos se interessam por uma história de amor proibido – e nesse sentido a história faz a chupinhação clássica de Romeu e Julieta. E o nosso herói ecoa cavalheiros ingleses (o seu nome inclusive dizem que vem do Edward Rochester, de Jane Eyre), tem um jeitão de Werther dos pobres, é bryoniano, bonitão e abnegado. Isso também atrai interesse. Há um triângulo amoroso – mais um recurso que ajuda a envolver o público. Mas, sei lá, o próprio Diários do Vampiro também tem tudo isso e apesar de ser uma coleção de livros de sucesso está longe de ser o que Crepúsculo é.

Não vejo nenhuma surpresa, entretanto, no sucesso. O livro é mal feito, abissalmente, em alguns pontos, tem muita bizarrice randômica, faz um retrato de um amor que é doentio e vende como a melhor coisa que pode cruzar nosso caminho (Bella e Edward poderiam acabar no LINHA DIRETA), mas, sinceramente, desde quando sucesso e qualidade andaram juntos? É uma história de amor que apela para o denominador comum, para a carência lá no fundo do coraçãozinho, defende a lealdade, a família, a castidade... Chocante seria o Lynch bombar nas massas. Império dos Sonhos bater o recorde de bilheteria seria um choque – Lua Nova, não. Não quero com isso vir com papinho elitista, e Deus sabe que me afogo em coisas como CREPÚSCULO kk, mas existem coisas que são para audiências amplas e outras não. Fim da história.

Agora que perdi preciosos momentos da minha vida lendo A SAGA (kkk) posso dizer com todas as letras que é ruim. E não fiz a linha li pra falar mal. Li pra tentar entender, li porque odeio ficar de fora do buzz, li porque é relevante, li porque é aditivo, como já disse.

É literatura mal feita, é chata, feia, boba, ninguém tem carisma, é uma punhetação eterna com Bella e Edward debatendo cada pestanejada que um deu olhando pro outro... (eterna mesmo. A Meyer agora tá escrevendo uma versão de Crepúsculo sob o ponto de vista de Edward. Sairam 12 capitulos, 178 páginas que contam umas 2 semanas em toda sua LENTIDÃO. Vá por sua conta e risco). Fora que neguinho fica falando aquelas frases mais PLAIN do universo amoroso, ou outras da vibe doentia ("I don't care, Edward. I don't care! You can have my soul. I don't want it without you–it's yours already!"), e agora ainda fico imaginando a KRISTEN STEWART dizendo isso com toda sua inexpressividade... (e eu gostava dela. talvez ainda goste. rs)

Pelo menos o filme tem o robert pattison kkk

É perfeitamente compreensível entender porque as feministas ficam tão chateadas com Crepúsculo. Bella é a clássica mocinha em perigo – e mesmo tendo “personalidade” a ponto de atrair a atenção de geral e de se dispor a fazer a ADRENALINA JUNKIE para vislumbrar o seu amor, ela é totalmente passiva (e desde quando fazer ALOKA é bom, né). E mais, ela é tratada de uma maneira doentia pelo namorado e apenas ensaia se ofender. Edward faz a linha escuto-pensamentos-de-todos-seus-amigos-pra-te-entender-melhor – é absurdo, abusivo e invasivo, ela sabe, sente, verbaliza, mas deixa pra lá. Fora essa obsessão de PROTEGÊ-LA de tudo o tempo todo – “é o meu temperamento” - e no meio disso ficar BULINANDO a garota, que é meio desastrada. O próprio Robert Pattison falou que não entende porque as mulheres querem um cara assim (geral quer ser PROTEGIDA rs). E quando não é ele, é o lobisomem, que mesmo em Lua Nova só estando no estágio da amizade-flerte consegue dar um fora nela similar ao do vampiro – é pro seu bem! Fique longe de mim! Oh!

Até a mãe de Bella GET THE CREEPS com o casal:

"There's something . . . strange about the way you two are together," she murmured, her forehead creasing over her troubled eyes. "The way he watches you - it's so . . . protective. Like he's about to throw himself in front of a bullet to save you or something." I laughed, though I was still not able to meet her gaze. "That's a bad thing?"

Eventualmente, Bella bota o pau na mesa e diz pro vampiro boy que ela sabe o que é melhor pra si mesma e que escolhe ficar com ele – e que quer ser VAMPIRIZADA. SPOILER: te dizer, Bella virar vampira fode com tudo, pra mim. Resolve de uma maneira fácil e panaca a história, destrói a tensão sexual (que tudo bem que era narrada de jeitos ultra cafona, mas era o que esse livro tinha, a coisa do predador-presa, o leão se apaixona pelo cordeiro, a tensão que envolvia POSSIVEL MORTE também), acaba com a coisa proibida. Quer dizer, a mortalidade humana é sempre uma questão nesses relacionamentos, vide TODA A LITERATURA E CINEMATOGRAFIA de vampiros, e nessas de amor-ou-morte eu já imaginava que iam vampirizar a Bella, mas foi pior do que imaginava.

Porque, amigos, se vocês foram ao cinema e saíram MORTOS DE VA com Crepúsculo e Lua Nova vocês não viram nada. Eclipse e Amanhecer levam a coisa pra um outro nível. Imagine que Edward, stalker e psicopata, chega a tirar o motor do carro de Bella para ela não ir ver Jacob – mas é PARA O BEM DELA haha. É porque aí eles dimunem a tensão do amor proibido e jogam com a tensão com os lobisomens, tanto uma guerra quanto Bella se interessando brevemente, mas de maneira mais efetiva, pelo amigo Jacob (embora isso também resvale nas dúvidas que Bella tem sobre seu LIFESTYLE TO BE). Que a beija a força e ela gosta! Haha. Way to go. Fora que Amanhecer traz uma das cenas mais medonhas da literatura mundial, que é Bella dando à luz (é, rola sexo, DEPOIS DO CASAMENTO, abs). Primeiro que ela tá grávida de, hum, um ser diferente, que cresce anormalmente rápido. Depois tem a cena do parto em si, em que o bebê QUEBRA AS COSTELAS da mamãe e Edward tem que cortar o cordão com os dentes. Quer dizer. A coisa vai ficando mais afastada do boy meets girl etc ----

O fato do bebê se chamar Renesmée, mistura dos nomes das mães dos pombinhos, dá idéia do quão FREAK é o papo. E aí o Jacob tem uma “impressão” com o bebê – meaning, para deixá-lo ter um envolvimento profundo na história e obviamente não podendo permitir que ele fique com Bella, a Meyer inventou essa história aí. Que é randômica, cafona, mal feita etc etc, por mais que ela diga que é inspirada nessa e naquela lenda. Mas, quer dizer, são essas coisas que criam o culto, né? Fã adora ficar sabendo qual poder aleatório seu vampirinho preferido tem, ou que a Bella é imune à maioria dos poderes *1, blábláblá, morri etc.


E os lobisomens e a vibe seminua?

Apesar de todo esse texto, acho malice ficar bulinando os fãs. Se a pessoa tem mais de 25 anos e é fã, certamente é noob e possivelmente muito ingênua e desiludida também. De resto, deixa as menininhas serem histéricas. Inclusive histeria em cinema DÁ O TOM nos dias de hoje, independente de ser em coisinhas românticas como Crepúsculo. Let them be. E, de boa, quem vai assistir isso achando que vai ser uma obra-prima? Agradeça se funcionar como guilty pleasure e olhe lá! Acho que nem se dessem pro FRANK CAPRA ficaria bom... Por isso acho sacanagem jogarem nas costas do diretor. O brodinho fez o que pode – e eu acho que Lua Nova é um avanço em relação a Crepúsculo. Achei chocante a crítica do Salon*2 – que amou TWILIGHT na linha me-fez-sentir-adolescente-de-novo – que joga tudo no Chris Weitz. A moça queria romance, mas Lua Nova é outra vibe, vibe PÉ NA BUNDA.

BUH

*1 acho que a Meyer criou isso meio aleatória, porque li a explicação dela para a Bella ceder somente aos poderes de Alice, visão do futuro, e Emmet, controlar humores, e achei sem sentido. Segundo a autora, o CÉREBRO de Bella é peculiar e os poderes que investem aí não a atingem. Tipo a telepatia de Edward, ou, estranhamente, o poder da Volturi – outra bizarrice – Jane de causar dor. A dor não seria real, diz Meyer, e sim a idéia da dor. Mas os humores de Emmet não estão no CÉREBRO, como diria a psiquiatria moderna, e sim CORRENDO NO CORPO.
*2 inclusive nos comentários do texto da Salon tem um cara impagável, dizendo que o filme não possa de MORMON PORN e que odeia a Meyer por ter transformado os vampiros, seres sempre sensuais e misteriosos, nos Cullen.

REPRODUZO:

TWILIGHT = MORMON PORN

Okay,

I'm a gay man and I find these movies insulting. I find them insulting because they take one of the most sexy, transgressive, and complicated figures--the vampire--and turn him (or her)into the romantic lead in the Mormon equivalent of soft core porn.

PS_I WONDER o que as pessoas que falavam tão mal de Harry Potter na época do boom estão fazendo agora. Pulando da janela? Matando os filhos e se matando depois? Porque perto de Stephanie Meyer a JK Rowling vira tipo SHAKESPEARE. Não entro nos méritos de se esse fenômenos seduzem as pessoas para o universo da literatura, mas não vejo como podem fazer o inverso. Vai ter gente que sempre vai ficar na sessão de bestsellers e pronto. Sempre foi assim. Em matéria de fenômeno jovem, acho que Crepúsculo deve ser o pior, no duro, mesmo. Eu adoro Harry Potter. E Desventuras em Série, que tá um nível abaixo no sucesso, acho gênio. E Gossip Girl tem muita coisa ruim mas não ofende. Dizem que O Diário da Princesa é bom, no SEU NICHO, mas esse não tenho saco pra me jogar kk. HSM, Ah. Li o primeiro Diário do Vampiro e achei bomba. Engraçado que a escritora desse tá acusando a Meyer de plágio... Saindo da literatura, Hanah Montana e essas coisas assexuadas da Disney também acho ok, meio mé, mas ok.

POR FIM, fiquem com o kevin smith ZUANDO, mas levando a POMBA BRANCA DA PAZ

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

100 melhores livros da década, segundo a times

acabei de ler a lista com os 100 melhores livros da década da times. é, a década tá acabando (embora eu sempre fique confusa com se é 2009 ou 2010, por exemplo, a mídia sempre lembra rs) e esse tipo de lista está pipocando. a lista tem umas coisas meio estranhas, embora eu não seja referencial para. apesar de gostar muito de ler, admito que sempre me sinto defasada em literatura contemporânea. é mais fácil ler os clássicos, tanto por a gente meio que já saber o que deve ser lido - por ser revolucionário, inovador, bom pra caralho etc, como pela facilidade de acesso. os clássicos a gente encontra em qualquer esquina, em qualquer ediçãozinha. os livros contemporâneos são lançamentos que até os sebos cobram uns 40 conto por, alguns. eu me esforço, tento acompanhar a crítica, opinião de amigos, o diz-que-diz, mas sempre tem algum escritor que você ainda não pode ler, ou leu só o principal livro para saber mais ou menos whats all about etc.

dito isso, eu meio que esperava que algum livro do cormac mccarthy estive na dianteira, e realmente estava - o the road, que li esse ano. aliás, vou colocar aqui os 10 primeiros logo.

1. the road, cormac mccarthy (2006)
2. persepolis, marjane satrapi (2003)
3. dreams from my father, barack obama (2004)
4. masterworks of the classical haida mythtellers trans robert bringhurst (2002)
5. suite française, irène némirovsky (2006)
6. the tipping point: how little things can make a big difference, malcolm gladwell(2000)
7. life of pi, yann martel (2002)
8. payback: debt and the shadow side of wealth, margaret atwood (2008)
9. atonement, ian mcewan (2001)
10. the da vinci code, dan brown (2003)

como se pode ver, a lista mistura literatura com livros de pesquisa, HQs, alguns meio vibe auto-ajuda, inteligente ou não (freakanomics), coisas como o livro do obama, que entra pelo que representa. o times abraçou totalmente o SUCESSO DE MASSA, botando o código da vinci em décimo (curiosamente, o livro lidera a lista de 5 piores livros da década, feita também pelo times) e jogando até um abusivo crepúsculo mais pra trás. outra coisa estranha: war and peace aparece em décimo primeiro, por conta de uma nova tradução. really? não só jogam um livro de séculos atrás na lista da década 00 como, já que jogaram, ainda botam atrás de coisas como o código da vinci? tadinho do tolstoi rs. e isso dizendo que eu nem sou hater do dan brown, pelo menos não nesse livro.

sei lá, viu. lista completa aqui.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

bábel e as cores, as texturas

sempre fico um pouco TONTA lendo o início de O EXÉRCITO DE CAVALARIA, do bábel. tem vezes que acho BARROCO e ADJETIVADO demais, CAFONA; tem vezes que acho BARROCO e ADJETIVADO demais, VÍVIDO e MARAVILHOSO. julguem vocês mesmos:

"o comdiv 6 relatou que novograd-volynsk tinha sido tomada hoje, ao amanhecer. o estado-maior saiu de krapivno, e nosso comboio, uma barulhenta retaguarda, espalhou-se pela estrada de pedra que vai de brest a varsóvia, construída sobre os ossos dos camponeses por nicolau I.

campos de papoula púrpura florescem à nossa volta, o vento do meio-dia brinca por entre o centeio amarelado, e o virginal trigo sarraceno ergue-se no horizonte como a muralha de um mosteiro longínquo. o plácido volýnia serpenteia. o volýnia afasta-se de nós na bruma perolada das moitas de bétulas, inflitra-se através das colinas floridas e, com seus braços cansados, enreda-se nas touceiras de lúpulo. um sol alaranjado rola pelo céu como uma cabeça decepada, uma luz suave acende-se nos desfiladeiros das nuvens, e os estandartes do poente ondulam sobre nossa cabeça. o cheiro do sangue de ontem e dos cavalos mortos pinga no frescor da tarde. o zbrutch negrejante rumoreja e retorce os espumosos emaranhados de suas cascatas. as pontes foram destruídas, e nós atravessamos a vau. uma lua majestosa paira sobre as ondas. os cavalos afundam na água até o dorso, e sonoras torrentes borbotam entre as centenas de patas equinas. alguém afunda e pregueja em voz alta contra a virgem. os quadrados negros das carroças espalham-se pelo rio, que se enche de ruído, assobios e canções que trovejam por cima do serpentear da lua e dos turbilhões brilhantes."

quantas cores, quanta sensação... a gente está lá.
(tradução de aurora fornoni bernadini e homero freitas de andrade, para edição da cosac naify)

sexta-feira, 29 de maio de 2009

harry potter

minha lista de preferência dos livros da jk rowling (HUMrs)

1) ... e o cálice de fogo
2) ... e a ordem da fênix
3) ... e o príncipe mestiço
4) ... e o prisioneiro de azkaban
5) ... e a pedra filosofal
6) ... e as relíquias da morte
7) ... e a câmara secreta

to começando a me animar mais com o (s) sexto (s) filme (s). todos os filmes são meio banais (sim, mais que os livros), ainda que a partir do terceiro os elementos interessantes comecem a aparecer mais (de todo o modo, também como nos livros). outra característica da versão cinematográfica do bruxo órfão é que::::::::: o elenco infantil é lastimável, ainda que bem acurado do ponto de vista da semelhança física, e o elenco adulto é sempre SENÇA. e tbm é muito bom em PARECER, se for por isso...

era de se imaginar que em seis anos de cinema a galera ia dar os toques do tipo:: TA UÓ, mas nem. acho que o caso da emma watson, que é sem favor a pior do trio protagonista, é até mais "desculpável": ela mesma já falou que entrou meio no acaso e não sabe se vai seguir atuando (amiga, LARGA DESSA). já o daniel radcliffe (whatever) ainda faz a linha "ATOR SÉRIO" que faz PEÇA NU (harry potter nu é sempre uma das primeiras sugestões do google quando você começa a escrever o nome do personagem na busca). alguém diz para ele que NOT, vai precisar muito feijão ainda.

tudo bem. sem desmerecer nem nada, mas geral passo anos fazendo merda como ator, né, e que mal tem? não é que nem MEDICINA, você pode ir tentando e fazendo meia boca que ninguém vai morrer por isso. então SIGAM SEMPRE SORRINDO. ops to bebada (sempre vou te amar, maisa, pro mais over que vc fique)

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

2008

O ano do tá ruim tá ótimo. To be continued...

Top 10 artistas 2008 (mais ouvidos)

1) Aimee Mann
2) Radiohead
3) The Beatles
4) Portishead
5) Carla Bruni
6) Cat Power
7) Julie Doiron
8) Coldplay
9) John Frusciante
10) Marianne Faithfull

Top 10 discos 2008 (mais ouvidos)

1) The Forgotten Arm, Aimee Mann
2) Lost in Space, Aimee Mann
3) Quelqu'un m'a dit, Carla Bruni
4) OK Computer, Radiohead
5) Whatever, Aimee Mann
6) I'm With Stupid, Aimee Mann
7) Blue, Joni Mitchell
8) No Promises, Carla Bruni
9) Dummy, Portishead
10) Moon Pix, Cat Power


Top 10 músicas 2008 (mais ouvidas)

1) Metal Heart, Cat Power
2) Those dancing days are gone, Carla Bruni
3) Le ciel dans une chambre, Carla Bruni
4) It's Over, Aimee Mann
5) Freeway, Aimee Mann
6) 31 Today, Aimee Mann
7) Video, Aimee Mann
8) Stranger Into Starman, Aimee Mann
9) Humpty Dumpty, Aimee Mann
10) Deathly, Aimee Mann

MELHORES DO ANO - música

1) @#%&*! Smilers, Aimee Mann

Desculpe não surpreender no top one. Minha amiga Nina, que ouve música na sussidão, fica dizendo que sou obcecada com a Aimee, mas não é bem assim. Quando você tem a expectativa no alto é mais fácil se decepcionar, né? Eu sei que escuto mil vezes, porque sei que Aimee tá nas sutilezas, mas que seja: Smilers é um cd tão bom quando o predecessor, The Forgotten Arm (One more drifter in the snow é café-com-leite, ta?), e isso é big deal para mim. Disco do ano com folga e sobra.


2) Seventh Tree, Goldfrapp


3. Oracular Spectacular, MGMT


4. Third, Portishead

5. Music Hole, Camille

6. Viva La Vida, Coldplay


7. Dreaming of Revenge, Kaki King

8. Microcastle / Weird Era Cont., Deerhunter

9. Lost Wisdom, Mount Eerie

10. Consolers of the Lonely, The Raconteurs

Outros destaques: Lil Wayne (The Carter III), Hot Chip (Made in the Dark), The Killers (Day & Age), Man Man (Rabbit Habits), Ladytron (Velocifero), Crystal Castles (homônimo).

Top 5 músicas de 2008 (só hit)

1) Time to pretend, MGMT
2) Life being what it is, Kaki King
3) Agoraphobia, Deerhunter
4) Viva la vida, Coldplay
5) That's not my name, The Ting Tings


CINEMA

Vi tão poucos filmes este ano que me arrisco somente a fazer um top 3 totalmente errático. I mean, Wall-E é o rei inconteste deste ano, mas os outros dois são filmes interessantes com muitas falhas. No fim das contas, acho os dois BONZÕES porque o lado bom suplanta o lado ruim de longe, mas coisas melhores devem ter rolado em 2008. Menção honrosa para Senhores do Crime e também A Espiã. E, pq não, Vicky Cristina Barcelona.

1) Wall-E
2) Sinedoque, Nova York
3) Paranoid Park
LITERATURA

Escritor do ano: KURT VONNEGUT

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

comentários aleatórios sobre a corporeiradade dos livros (q)

"early in the morning, late in the century, cricklewood broadway"

achei esse início do white teeth, da zadie smith, apaixonante. finalmente botei minhas mãos nele, numa edição bonita da penguin books. bonita não, linda! e que saiu por r$30, bem melhor que os preços salgados da companhia das letras... depois passsei na seção de pockets e fica novamente a reflexão: por que aqui no brasil as edições baratas são tão caras? a l&pm só sai na faixa de r$10 se o livro for bem fininho. é um absurdo pagar r$23 num pocket! (crack-up do fitzgerald). no caso da l&pm pelo menos eles editam coisas que tão fora a tempos, vc só acha lá (o caso do fitz por exemplo). mas e a martin claret?? só livros batidos, "clássicos" no sentido mais arcaico da palavra, e aquela diagramação de doer de feia... as capas genéricas horríveis... até nisso o brasil sai perdendo... a barnes&nobles lança sua linha barata com capas genéricas tb, papel áspero, mas tem muita dignidade. e comprei hoje collected poems da emily dickinson por r$11! a linha de pockets da penguin é meio feia também (e do tipo que o livro "abre" todo depois que vc lê uma vez), só o da penguin classics que tem uma beleza sóbria, a capa toda verde, é bem bonito. no brasil a melhorzinha é a companhia de bolso ( quer dizer, ainda prefiro a l&pm pq apoio muito a iniciativa, mas o padrão de qualidade é só ok e os preços tão salgados), mas os valores são muito altos, não dá... ainda tem a saraiva de bolso que pelamor... tem uns que têm até o preço desenhado na capa, o quão o fim é isso??? não achei a variedade grandes coisas, o preço tb não (bom dia tristeza é tipo finão e sai por r$19). pra quem lê em inglês nada melhor que aproveitar esses livros da sessão de importados... esses da penguin, sem ser pocket, saem na faixa de r$25, r$30, que e um valor digno. é muito bonito, até a diagramação das páginas, tem uma leveza mágica, a constituição é ótima (não sei explicar direito isso, é só o jeito que o livro é, isso importa muito pra mim), tranks de ler... e acho ótimo o jeito que a penguin divide seus lançamentos: azul claro para "big ideas", verde para mistério, laranja para "fantastic fiction", rosa para terras longínguas (heheh), azul escuro para histórias reais e violeta para pontos de vista.

a zadie smith é laranja.

terça-feira, 6 de maio de 2008

livros da infância

de vez em quando me entrego à nostalgia desbragada e fico relendo os mesmos livros que eu adorava quando era criança. por esse motivo resolvi fazer uma pequena compilação do que era minha biblioteca quando eu tinha uns 8, 9 anos.

* O jardim secreto, Frances Hodgon Burnett - sim, esse é o livro que deu origem àquele filminho da sessão da tarde. Jesus, se eu amava esse livro. É tão INGLES. E apesar de infantil tem um clima um pouco soturno, estranho... Afinal, jardins imensos, labirínticos, crianças cruéis, um viúvo desiludido... Gosto do filme também, um pouco menos, mas acho válido.

* É proibido chorar, J.M. Simmel - esse era o meu preferido dos três que eu tinha do Simmel "autor juvenil" (com uns 12 anos li pela primeira - e até agora única - um livro 'adulto' dele, Ninguém é uma ilha). Apesar desses títulos de auto-ajuda, o Simmel é um autor bacana. Nos seus livros ele trata basicamente de jovens desolados... Nesse aí a protagonista, Maria, pega o dinheiro da turma, que era para uma viagem, e dá para um homem que supostamente ia ajudar a localizar seu pai, sumido depois da guerra. Ela é órfã de mãe. SIM situações extremas, não é mesmo? O tipo de melodrama que toda criança curte. Só que o Simmel trata a história com muita leveza e pungência. É de partir o coração em Mamãe não pode saber ver o menino se matando pra esconder da mae doente que foi reprovado.

* O meu pé de laranja lima, José Mauro de Vasconcelos - outro clássico infantil. Forte, bonito, singelo. Pode ser piegas mas whatever.

* Sozinha no mundo, Marcos Rey, e outros clássicos da coleçao Vaga-Lume - quem não se lembra dessa coleção? Meus preferidos eram esse Sozinha no mundo, O escaravelho do diabo e A ilha perdida, a maioria livros de aventura simples, diretos, aprazíveis.

* Os três mosqueteiros, Alexandre Dumas - eu só lia e relia esse livro o tempo todo. Apesar de ser longo e detalhado ao extremo, do início ser lento e tudo, é aventura demais pra ficar chato. Além de tratar de um tema tão delicioso quanto a CORTE. Não tem erro. Meu mosqueteiro preferido sempre foi Athos, o caladão, justo, direto.

* Agatha Christie - hehehehe. sou/adoro. Uma coisa que a biblioteca aqui de casa tinha a valer era uma grande coleção da Agatha. Foi a primeira escritora que fissurei e toda minha família associava meu hábito de leitura a ela e incentivavam, davam livros. Meus preferidos da época: Cipreste triste, A mansão Hollow e Inimigo Secreto.

terça-feira, 11 de março de 2008

breve post

a biografia da rita é tipo das piores, até nesse nível baratinha e tal. mas é leitura sussa, rápida e até certo ponto informativa, então ok. depois de terminar o livro fique OK, rita tá meio fora do meu panteão, mas ela parece tão desinteressante que até despertou um certo apreço... finalmente conheci a faceta dançarina dela, e é isso que conta realmente né, os filmes. COVER GIRL é ok, e só ok. o figurino é todo errado, o cabelo é o mais puro estranho, os números musicais são simpatiquinhos. YOU WERE NEVER LOVELIER já dá uma elevada na coisa, números agitados, "românticos", p&b, roupas bonitas, o penteado ajeitado. a rita é muito graciosa, ela tem realmente o dom da dança (e do sapateado), tá lá se acabando e fazendo parecer a coisa mais simples do mundo, como a gente dá um passo ela desanda a dançar. ela está muito bonita em you were..., mas não chega àquela coisa de prender-respiração de GILDA (chegou alguma vez? nunca vi). a verdade é que ainda prefiro a cyd, essa realmente lançou um FEITIÇO em mim (por sinal, a rita tem as pernas bonitas também e é relativamente alta, todas pareciam assim em cover girl - segundo a biografia eram todas modelos, de fato).

fico me perguntando com um quê de amargura porque os projetos do gene ficam sempre parecendo cilada quando comparados com os do fred... fred simplesmente fez A RODA DA FORTUNA com cyd, isso é tipo TOPO (e meias de seda não é de se jogar fora também ein). quando fui assitir BRIGADOON tava cheia de exectativa. era minnelli também, cyd e gene, mas o filme é totalmente equivocado, cafona, o minnelli se excedendo do pior jeito... enfim, o filme é RUIM, você pode salvar 1 número musical (nos campos, ele atrás dela) e jogar o resto fora. é o pior minnelli que já vi.

daí vem a rita, há tempos querendo ver cover girl, e o filme é ok tals, mas you were never lovelier bate fácil, fácil. e you'll never get rich parece ainda melhor.... o fred escolhia os projetos melhor que o gene? NÃO SEI. ainda acho que nada que o fred fez pode se comparar à graça de cantando na chuva (me apx de um jeito inédito pelo gene nesse filme), embora seja difícil comparar as cores, a leveza e o tom grandioso, ao mesmo tempo, de cantando na chuva com o simples e compacto picolino, por exemplo.

ps - acabei a biografia dos beatles e tá naquele tipo da carmem, bem pesquisado, bem escrito, um pouco devagar demais no início (ieieie, beatlemania, alemanha) e apressa um pouco o passo na parte do final (os discos "arte"). mas é bem boa, ela acaba com o fim dos beatles e você fica querendo que tivesse continuado, que seguisse a carreira do paul, o circo do john, ringo, meu bb george... o que vem depois ele dá conta em um epílogo.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

biografias são livros que a priori não me incomodam se são fuleiros. obviamente, prefiro as bem escritas, bem documentadas, mais abrangentes, menos sensacionalistas. só que até chego a ter um carinho pelas biografias de segunda... adoro ler biografias desde sempre, que me lembre. lia fernando morais na época do ginásio (olga e chatô são dois clássicos e tal), mas só me lembro de ter entrado no campo do showbusiness anos depois.

alguns pontos apareceram logo de cara: 1) dificilmente eu acho uma biografia boa, mas nunca perdi a jornada. por pior que seja, SEMPRE vale alguma coisa; 2) apesar de algumas exceções, autobiografias são mais legais.

mais ou menos na mesma época eu comprei dylan, do howard sounes, e grace, do robert lacey. a primeira, claro, é sobre o bob. geralmente as pessoas se referem a este livro como uma boa e consistente biografia. e aí vai a primeira dica: é muito fácil reconhecer as biografias-lixo. são pequenas, qualquer idiota no orkut detona, geralmente a fonte do título é cafona... mas é só aparecer algo mais elaborado que todo mundo abre as pernas kkk. nunca vou dizer que a biografia do sounes é a mesma coisa que a do lacey, mas também não me apetece. me incomodava algumas inferências, o modo como o autor era presunçoso... tempos depois li GARBO e aí você nota que depois de anos afundados em pesquisas e entrevistas esses caras começam a achar que sabem TUDO da pessoa... e em algum momento esse tipo de biografia que se leva a sério começa obviamente a ESPECULAR e a CRIAR um perfil, justificando e encaixando as coisas, é como pegar um sonho e tentar descobrir o 'significado'... na maior parte do tempo eu ignoro isso ou se for um texto bem escrito posso até apreciar (como assumir uma certa subjetividade em relação ao tema, mostrar que e porque especula, enfim, uma coisa meio de fã)... não é o caso do sounes... não gosto muito do texto dele. essa biografia fica ainda mais anêmica quando penso no volume 1 das crônicas do dylan, SOBERBO. ainda assim, repito, é leitura válida.

a biografia do lacey é sobre a grace kelly. é tremendamente rasa e tal, mas aí é que está: fora o descaramento absoluto de alguns clássicos da invencionice, o que essas bio-picareteiras fazem é simplesmente pegar a vida da pessoa e ORGANIZAR, geralmente cronologicamente, e eu já encontro um valor para isso. li grace em uns poucos dias, tranqüila, pensando em como ela me lembrava a sylvia em algumas coisas - foi tudo meio na mesma época.

autobiografias bom, não são necessariamente as mais sinceras, mas ainda assim é material de primeira mão, não é mesmo? a do polanski é meio sem vida, parece que ele ditou os tópicos pra alguém e depois foi só preenchendo com o básicão. mesmo assim tem causos, essas coisinhas deliciosas da vida. lembro do dia que comprei a autobiografia da ingrid bergman... eu tinha ido com thiago por uma pequena "excursão" para fazer meu guia de quadrinhos para a fraude... estávamos cansados mas felizes quando fomos parar no brandão. ficamos olhando vários livros, coisa e tal, perguntei desse e o cara me arranjou um livrinho p&b sobre a ingrid (nem considero biografia). enquanto ele atendia thiago, fiquei observando a prateleira das biografias (sempre dá vontade de levar várias hehehe), mesmo desiludida... sempre fico na expectativa de achar, é que nem quando estou vendo os inúmeros filmes jogados nas lojas americanas, senão fuço todos sempre acho que estou perdendo algo bom... de repente vi a da INGRID, me senti tão feliz! comprei o livro, thiago comprou livros também, fomos tomar um sorvete no pelourinho, vendo a cidade, tranks... quando voltei pra casa vi que a ingrid finalmente tinha ganhado a eleição pra ser a capa da comunidade hollywood classic actresses (pode parecer patético mas ACOMPANHO essas votações rsrsrs). parecia coisa do destino...

o livro é ok. é permeado por depoimentos longos, esclarece os principais pontos... você vê o mais importante - e ainda assim fica faltando algo...

acredito que a melhor biografia que li foi a da carmem miranda, do ruy castro. é a que combina melhor informações e ritmo. apesar disso, agora acabo de me lembrar de quase tudo, da danuza leão... que verve...

estou lendo RITA, A DEUSA DO AMOR (tipo biografia barata) e depois pretendo partir pra Eu Claudia, Você Cardinale.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

janeiro de 2008


o ano começou eclético; bem no comecinho vi i'm not there (badalado mas nem tão bom assim filme do todd haynes sobre o bob dylan) e o elevador da morte, um relançamento oportunista com a naomi watts pré-mulholland drive. é tipo muito ruim. uma garota na comunidade da atriz no orkut comentou que esse filme faz colheita maldita virar arte, e ela não estava mentindo! comprei o filme por 9,90 nas americanas, no meu plano de ter o máximo da filmografia da watts. paguei 11,90 em a passagem, que acho ruim também, e nem dá pra rir,com toda aquela pretensão! i'm not there vi numa sessão no pc de munique com uma legenda totally brinks, feita por algum analfabeto. valeu, nos salvou de uma legenda em espanhol!

das sessões de musicais que continuo fazendo esse ano com a galere, viem janeiro três fred&ginger: ritmo louco, vamos dançar? e ciúme, sinal de amor. nenhum deles supera, ainda, o picolino, e cíume... é francamente o musical mais sem inspiração dos que vimos até hoje. ok, já era fim de carreira da dupla (juntos), mas isso não justifica. o filme é feio (roupas feias, cores feias, ginger esquisitérrima), não tem muita dança, o plot é chatinho (seria essa coisa do casamento, especulamos?). ainda vimos gigi e my fair lady(ainda das minhas aquisições das americanas, comprei um dvd que vem esses dois e mais sinfonia de paris, promoção meio gaydacu, mas que jeito) - achei gigi melhor. my fair lady é mais longo que um dia de fome e nem aproveitam todo potencial da audrey. ainda teve, pra fechar, desfile de páscoa, um bom filme comfred (já velhinho hehehe) e judy garland, o primeiro que vejo com a ann miller nos seus tempos de dançarina. gastei um tempinho da minha vida revendo a roda da fortuna, que aluguei para fazer cópias hehehe.

fora isso, finalmente conclui a trilogia do poderoso chefão (sim, nunca tinha visto). o último é aquela coisa arrastada, meio sem ritmo, mas no todo é legal, sim. consegui até superar a sensação do primeiro filme, que era totalmente estranha, do tipo: por que alguém se daria ao trabalho de filmar isso, não traz NADA de novo (não estava sequer emocionada com atuações). fiquei pensando se eu mesma já não tinha filmado o livro demario puzzo na minha cabeça... vi PACTO DE SANGUE, um clássico noir, excepcional, mais uma prova de que billy wilder dava de mil em muito "diretor de arte" por aí. impressionante como o wilder conseguia fazer excelentes comédias, romances, filmes de suspense, versatilidade era o nome dele... assisti A PRIMEIRA NOITE DE TRANQUILIDADE, o terceiro e último filme da primeira leva do zurlini... é de 1972, protagonizado pelo alain delon (no papel de um professor entediado) e achei o mais fraco dos que vi. por fim, PICNIC (férias de amor), com william holden e kim novak, que é direto como um murro no queixo. a kim novak, mesmo sendo "grande", que você olha e não dá nada, quando começa a dançar se mexe com uma leveza insuspeitada... e protagoniza uma linda cena com o holden, superdelicada e sensual.

fui ao cinema somente três vezes, da primeira pra ver desejo ereparação que, apesar desse nome brinks é um bom filme, repetindo otime do também bom orgulho e preconceito (até a trilha sonora ta com omariannelli de novo, para nossa sorte). não posso deixar de comentar oque todos falam: o plano sequência do final da guerra, os soldados na praia esperando pra voltar pra casa, é fantástico, lindo e já valeria o ingresso. as outras vezes foram em sessões brinks-da-cena-produção no cinema de arte, across the universe. o filme é meio high school musical dos beatles, mas é bonitinho e o novo do gus van sant, paranoid park, um pouquinho abaixo do elefante, mas ainda assim um bom filme (espero retomá-lo aqui quando for falar da frances white...)

na parte LITERATURA (kkkk), o destaque fica com o KURT VONNEGUT, que já é algo que 2008 me deu. quase comprei o livro com nina, na nossa sessão de compras na saraiva, mas achei o preço abusivo para um pocket (fica dica lp&m, os pockets estão muito caros! pra fazer uma comparação, os livros da barnes&nobles que a saraiva vende, não sãopocket mas são tipo 'edição barata' e saem por uns 12 reais, e a l&pm ta fazendo os dela por r$18, r$20, que isso!). no dia da sessão dylan no apê de muni, vi breakfast with champions dando mole e dai peguei emprestado. li num pulo e adorei (mas sobre isso aqui). meu próximo passo foi comprar dois livros dele num sebo mineiro. o critério que usei pra escolher foi a auto-avaliação do vonnegut. ele deu c pro"café da manhã", então imaginei que os que tinham 'a' deviam ser sensacionais. minha conclusão é que a gente ia ser ótimos amigos que ficam debatendo e discordando nos detalhes. o pássaro na gaiola tem algumas boas idéias, mas a escrita não é tão vigorosa, muito menos o humor. esse título ótimo me encheu de promessas, quase todas não cumpridas. atenção, não digo que não vale a pena ler, só estou comentando que não correspondeu às minhas expectativas. o outro vonnegut, galápagos é bem nessas também: repetição, boas idéias e coisa e tal. de uma carta não-enviada para thiago:

"ele é o precursor do Douglas Adams só que melhor em vários sentidos (o D. é mais engraçado, acho, porque o K. toca mais fundo, acaba que a graça fica um pouco melancólica, às vezes). enfim, ele tem um senso de humor humanitário, generoso sempre, exatamente meu tipo de gente. infelizmente, ele morreu em abril passado. acho admirável alguém usar como epígrafe uma citação da anne frank ('apesar de tudo, ainda acredito que as pessoas, no fundo, são realmente boas'). é chocante essa citação existir e a própria anne mostrava certa admiração por não ter desistidode seus "ideais impossíveis". no ensejo, uma citação do k:

hello, babies. welcome to earth. it's hot in the summer and cold in the
winter.it's round and wet an wounded. at the outside, babies, you've got about a
hundred yearshere. there's only one rule that i know of, babies - god damn it,
you've got to be kind.

esse era mais ou menos o mesmo conselho da avó do bob dylan: seja gentil.

dentre os outros livros do mês: persuasion, da jane austen. comecei o ano lendo esse, ainda em itaparica. provavelmente o austen mais fraco que já li, apesar dos comentários na introdução sobre o valor da "maturidade" da obra etc, é arrastado e opaco; ainda assim, há pontos interessantes. a obra-prima definitiva da jane certamente é orgulho e preconceito, só me resta ler emma pra poder confirmar isso irrestritamente. ainda li aquela novelinha que também já comentei aqui, o terceiro homem, do graham green, leitura de meia horinha extremamente agradável.

MUNDO MUSICAL - aviso de saída que só trato de downloads. comprar cd, digam o que disserem, infelizmente já não faz mais tanto sentido pra mim. comprei o the reminder no final do ano e depois fiquei me perguntando pra que fiz isso. NAO TENHO RESPOSTA, FIZ NA LOUCA. ter o cd não me trouxe nada a mais, me contento pensando que ajudei a feist a comprar o pão, mas essa é uma guerra perdida.

bom, não há muitos destaques de 2008. o ano começou ANÊMICO. ok, o los campesinos novo é legalzinho, o hot chip me surpreendeu ao não me decepcionar (rsrsrsrs), tem o sons and daughters que é bom, na ponta por enquanto ainda os cantores-compositores stephen malkmus e jason collett. ainda to esperando os discos realmente bons, FODOES e tal. ainda to esperando a aimee mann. de resto, baixei mais uns 30 discos esse ano, tudo coisa antiga (mais ou menos) pra me botar em dia com a vida. o destaque é que finalmente ouvi o quase-primeiro rilo kiley -take offs and landings - e gostei MUITO (farei um update do meu relacionamento com a banda em breve) e o midnight juggernauts do ano passado, primeiro e-disco que dei nota 4 no rym kkkkk. logo no início também descobri outro disco do ano passado que não tinha ouvido, o da suzanne vega, beauty&crime, uma belezinha simples sobre nova york(dizem que a pegada tá mais pop rsrsrss) e o radio dept LESSER MATTERS otimo disco pra se ouvir na estrada (pela manhã). para saber o que mais andei ouvindo em janeiro: rym.com/~lady_lazarus

sábado, 9 de fevereiro de 2008

sobre afinidades

Existe a questão da afinidade temática; existe a proximidade – ou não. Nesse sentido, nunca o Francis Ford vai fazer tanto sentido pra mim quanto a Sofia. Foda-se que ele esteja falando da humanidade, ela está falando de mim.


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Eu pensava nisso quando estava comparando o Daniel Galera com o JP Cuenca. Acho que sentia mais afinidade com o Galera, só que o Cuenca escreve melhor. A gente perdoa a falta de virtuosismo na escrita, não é realmente necessário, e acho que o Cuenca ficou até meio barroco nesse último livro (blame on Cassavas), mas que é uma delícia, é. O tema mais interessante obviamente pode ser jogado no lixo por um texto medíocre (não é o caso do Galera). E hoje, lendo O Terceiro Homem, do Graham Greene, fiquei emocionada com a facilidade e o domínio do cara com as palavras. Pode ser uma obra menor (o Greene mesmo dividia seus livros entre “sérios” e “não-sérios” kkkk, e diz que esse livro foi feito pra ser VISTO, é apenas um roteiro expandido), pode ser APENAS ENTRETENIMENTO (tem até metalinguagem sobre isso, usual), o diabo. É uma delícia!, uma delícia!

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O Graham Greene é autor de uma pequena pérola da literatura mundial, uma obra-prima discreta, Fim de Caso. Achava que só eu tinha essa opinião até ler, de pé na siciliano do iguatemi, o capítulo de um livro chamando Fim de Caso de uma pequena obra-prima. Segurei esse post 1 mês tentando lembrar do livro e não consegui; eram vários capítulos dedicados a obras diferentes, que o autor (acho que era latino kkk) tava a fim de falar. Acho que esse é, no mundo todo, o livro mais ‘meu’, me envolvi demais com ele e tem um espaço gigante reservado na minha paixão, carinho, amor pela literatura. Foi o primeiro livro que comprei com meu dinheiro.

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Portanto, com afinidade ou sem afinidade, o Greene é um deleite danado.

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Mas eu gosto de livros policiais, noir, de detetives, aventuras. Agatha Christie fez parte da minha formação, por exemplo.

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Depois de completar minha coleção do Salinger no estantevirtual.com (coleção é um exagero pr’uma obra tão pequena quanto a dele kkk), decidi parar de horsing around e completar logo os que realmente me importam, sejam pela afinidade que dói (henry miller, sylvia plath), pelo prazer da escrita ou pelos dois (virginia, claro). Jesus, não amo nenhum escritor apenas pelo prazer da escrita? Isso é quase como não gostar de música só pela beleza dos sons, independente do assunto.

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Isso me lembra a mais nova música em que estou viciada, de uma banda americana que emula sons do Camboja (americana é pouco, CALIFORNIANA ok). A música é Sober Driver, da banda Dengue Fever, e é um tema tão cretino que você fica pensando como se faz música sobre tudo. (You called me up because I’m sober and you wanted me to driiiiive! I’m getting tired of being used just as a free ride!). Asi és música, acontece o tempo todo. Uma linha de baixo, uma frase de guitarra, um refrão grudento e touché. Exigimos mais dos livros do que frases bonitas e bem construídas?

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Se bem que parando pra pensar podemos admirar o estilo de um escritor, sua técnica narrativa, suas inovações etc. Mas tanto na música quanto no cinema, nas artes, na literatura, enfim, é sempre preciso um pouco de sangue e compaixão pra amar mesmo. Admirações temos aos montes.

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Por essas e outras, Aimee Mann sempre vai ser a maior pra mim, por mais que não seja grande como um Dylan, só pra citar o realmente maior. Ela toca exatamente onde um cantor deveria tocar para falar pra mim, e é isso que conta, afinal.

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Já furei a fila do meu cronograma (dos que faltam menos pros que faltam mais, plath-miller-woolf) pra comprar dois livros do kurt vonnegut. Monique me emprestou Café da manhã dos campeões, e só tenho a dizer que esse livro fala da VIDA REAL. Vonnegut deu nota C pra si mesmo nesse livro. É meio repetitivo, algumas idéias se embaralham, mas existe uma clareza, uma força inequívoca... É forte e cheio de humor, sem amargura, e se existe sarcasmo, dispensa cinismos. No Catcher in the rye o Holden fala sobre autores que queríamos como amigos. Eu tinha que concordar com ele sobre o Hardy, e não tinha mais ninguém a acrescentar até ler o Vonnegut.

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Eu realmente não acredito que me daria bem, tipo AMIZADE, com meus escritores preferidos.

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Eu queria ser amiga do Laurence Stern! Claro. E da Scout Niblett, entrando nesse território da música. Vejam como sou bem humorada kkkk, todas essas pessoas são brinks. A vida sem pessoas brinks deve ser muito pior do que já é.

ps – ao colocar henry e sylvia como, digamos “paixões temáticas”, jamais quero dizer que eles não escreviam bem. Att.

pps - quanto a PESSOAS, já conclui que a única afinidade que conta (fora a da FILOSOFIA DE VIDA kkk) é a do humor. Ter um tipo de humor compatível salva quase qualquer relacionamento, ao menos superficialmente, e não ter enterra.

sábado, 3 de novembro de 2007

Franny & Zooey

Eu me apaixonei por Franny à primeira vista; aliás, à primeira entre-vista, pois ela ainda não estava sequer em cena quando me ganhou. Enquanto Lane, seu namorado, a espera na estação, impaciente, puxa do bolso uma carta dela, pra reler e passar o tempo. Já nessa carta, que começa com um simpático "Queridíssimo Lane" e termina com dois ps, um deles pedindo pra não ser escrutinada por ele no final de semana, eu entrevi uma pessoa de coração grande, acho que é isso. Franny é de um leveza encantadora e uma honestidade, uma ausência tal de cinismo, que eu pensei: "esse livro já está ganho" - e estava mesmo.

Já Zooey, se parece apenas metódico e pomposo demais durante todo o tempo até acabar a leitura da carta do irmão Buddy, algo que não me gerou nem simpatia nem antipatia, mostra o que verdadeiramente é quando a mãe entra em cena: um insolente. E isso, meus caros, é demais pra mim. Pra mim ser insolente é intolerável, só perde pra ser mesquinhos nas coisas Feias do ser humano (se existe o Belo existe o Feio, e acredito que essas duas características apareçam no homem). Claro que existem pessoas que são levemente insolentes e isso fica até como um charme nelas; minha amiga Cecília é assim. O problema é quando você levanta num mau dia, daí você percebe que qualquer traço de insolência é repugnante, e fica sentindo irritação com a pessoa. Zooey não é levemente insolente, ele é tão insolente que eu fiquei pra morrer em alguns momentos. Minha vontade é de simplesmente apagar essas pessoas, por mais bonitas, inteligentes, sensuais e talentosas que elas possam ser. A maioria dos defeitos se conjuga com qualidades e a pessoa pode ser válida mesmo sendo egoísta, extravagante, mal educado etc. Só que me deixa em estado de permanente mágoa ver mesquinharia em quem amo, idem insolência. O ponto é: não gostei de Zooey.

Obviamente gostar ou não gostar não interfere na qualidade como personagem, ou impede [no geral] que desfrute do livro. Já disse aqui que prefiro não gostar do que não achar nada... Tanto no cinema quanto na literatura. Sentimentos de simpatia, ainda que moderada, de paixão, ódio ou irritação, são mais do que bem vindos.

Salinger me perseguiu um tempo, quando eu sempre via O Apanhador no Campo de Centeio na livraria, namorava um pouco e algo fazia me desistir de dar um chute no escuro por r$40, 00 (por mais que saiba que é importante, é sempre um chute no escuro...). De repente a vida o ofereceu pra mim, na pessoa de miss Novelli, que chegou botando na minha mão e falando que eu "tinha que ler". Ok, than. Deixei um ou dois dias de molho, aí resolvi começar - e li num fôlego só, numa tarde gostosa, preguiçosa, deitada na minha cama. E quando acabou, todas as impressões misturadas pela leitura rápida e ansiosa, minha cabeça girando, eu me levantei e me sentia tão animada! Mas, tão! Corri pro computador e coloquei pra tocar "Catcher", da banda sueca-delicinha Komeda. Eu já conhecia a música antes de ler o livro, e obviamente sabia que se referia ao livro (é uma das várias). A música tem uma levada mais pra melancólica que pra animada (ainda mais considerando que é o Komeda, geralmente animadao), e passamos pelos versos "Who will save your soul, who will rock'n'roll, hell don't look at me...", para afirmar, no refrão: "There ain't no catcher in the rye". Tudo bem que tem uns papapa na música, mas é totalmente monocórdio... Ok, voltando: pus a faixa pra tocar e comecei a pular que nem uma louca. Eu estava muito feliz, eufórica, eletrizada. Fiquei cantando e dançando no quartinho, com a música no repeat, e apesar de ser triste não ter um apanhador no campo de centeio e das quedas e equilíbrios ficarem por nossa conta, isso misteriosamente me deixou feliz. O livro, a música. O livro é, desculpem essas expressões batidas uó, uma lufada de energia, um murro impactante. Enquanto eu lia ia vendo como tinha ressoado e repercutido em tanta, tanta coisa. Acho que ver Deus deve ser uma experiência parecida. E é um livro bobo. Não tem nada de especial na linguagem, nada de inventivo. Claro que existe aquela primeira pessoa delirante, mas tudo é o enredo nesse livro. Não é como quando leio Virginia Woolf, que fecho os olhos pra guardar algumas frases que são tão lindas lindas que machucam e deixam triste... (a própria Virginia disse que a beleza era infernalmente triste, algo com que tendo a concordar).Ainda saio dançando "Catcher" quando algo de animador me acontece; canto no chuveiro. Descobri depois uma pá de músicas com referências assim diretas ao livro, uma até do malfadado Chinese Democracy, do Guns. Tem uma muito bonitinha e simples, do John Ralston, que também acredita que é cada um por si: "No Catcher In The Rye" tem a singela letra:

"Black days,
white nights,
nothing hurts when you’re anaesthetized.
Blue skies,
suicide,
maybe there’s no catcher in the rye"

Resolvi partir pro Franny & Zooey, que acredito ser o segundo livro mais famoso do Salinger, e que era o preferido da Judy, em Once and Again. Adendo: o fato de ter uma Zooey no seriado sempre me fez pensar que os dois personagens-títulos do livro eram femininos... Apesar do segmento "Zooey" ter mais revelações e cada gotinha de informação sobre os Glass ser uma delícia, ainda prefiro o "Franny". Não porque, como explicitei acima, prefira Franny, a personagem. Ela também aparece nessa segunda parte, numa crise imobilizante que vi compararem a da Margot Tenenbaum em Os Excêntricos Tenenbaums (volto a isso num instante). O caso é que a segunda parte fica um pouco didática. Acho maravilhosa também e ecoa muitos pensamentos e coisas que me preocupam, mas, como Zooey em relação a Franny, perde em intuição pra ganhar em premeditação. Imagino se o Salinger escreveu com tópicos ao lado... Entre os premeditados e os intuitivos, é da minha natureza preferir os últimos. Pesquisando sobre Salinger, a pessoa, me pareceu alguém com um quê de nocivo, apesar de toda a busca religiosa, tem algo de desagradável, de premeditado também. Mas é só uma impressão, obviamente. Franny & Zooey, o livro, veio da Paraíba. Next step: Nove Estórias, vindo de São Paulo. Quero conhecer melhor todos e, claro, quero muito ler To Esmé With Love and Squalor, de onde veio a Esmé Squalor da série Desventuras em Série (criança diz rs).


Sobre os Tenenbaums: parece que o Wes Anderson admira o Salinger e se inspirou livremente (e não oficialmente, claro, rs) na família Glass para criar a sua excêntrica família. Boo Boo, uma das irmãs Glass, aparentemente das mais prosaicas, casou com um homem de sobrenomeTannenbaum . Vi uns blogs fazendo a leitura de que a Margot seria a Franny. Ou o Wes leu errado, ou eu vi errado. Senti vibes, pra ficar com uma palavra horrível, totalmente diferentes. Apesar da crise das duas, o que na Margot é mera apatia, em Franny é choque. Sobre a natureza das duas, não vejo qualquer leveza na Margot - nesse sentido de ternura, acho que a Franny se aproximaria mais do Richie, não por acaso meu Tenenbaum favorito. Mas, bom, foi/seria apenas uma leitura livre do Wes. E pra quem quer saber, o Richie seria o Seymour (suicídio quem curte) e Chass seria Zooey. O que realmente lembra é aquela coisa de família de prodígios, que ambas as obras mostram. E, como diz mamãe Glass, de que adianta serem tão inteligentes senão são ao menos felizes?


quarta-feira, 17 de outubro de 2007

em breve, darei meus pensamentos sobre essa edição reloaded do ariel, comparando com a versão antiga, e toda essa quizila da ordem-dos-poemas, afinal. por enquanto, quem quiser ir lendo algo provavelmente mais acurado (rs, mas o texto é um pouco chato ok) aproveita essa resenha, publicada no site O cronópio.


quarta-feira, 29 de agosto de 2007

dicionário vs. livros (não que o dicionário não seja livro ok)

dia desses tava conversando com um colega da faculdade sobre ler em inglês; se eu lia com dicionário do lado ou ia tentando inferir, se entendia tudo etc. falei pra ele que formei meu vocabulário em português basicamente lendo e captando o sentido das palavras, mas que com inglês o ideal era dosar, pois o total de palavras desconhecidas tende (dã) a ser maior. ele ficou um pouco surpreso ao saber que considero um vocabulário formado em leituras mais sólido e disse pensar o inverso.

quando estava no ginásio, meu vocabulário era maior que o dos meus colegas, e eu era considerada a tira-dúvidas do pessuel. sempre me perguntavam quando viam uma palavra que desconheciam. eu sempre respondia "é como se fosse...", "é tipo assim..." etc. não sabia dar definição completa, de dicionário, pra maior parte delas, o que me irritava um pouco. ao chegar em casa, sempre conferia e, o que acontece até hoje, achava divertido ver a definição de uma palavra que conheço de cabo a rabo. a verdade é que aprendi a maior parte delas lendo no contexto; passava como um trator pela maior parte das palavras desconhecidas, exceção feita àquelas que eram muito desconcertantes, claro, e de um modo ou de outro fui entendendo essas palavras, que se integravam naturalmente à minha fala.

no colegial eu tinha um professor que fazia as construções de frase mais estranhas do mundo. um dia, na aula, eu pensei: esse cara deve ler dicionário. nada contra ler dicionário, é dos melhores e mais divertidos livros do mundo. mas eu comecei a notar quando as pessoas aprendem as palavras do dicionário. no caso desse meu professor, acho que ele não aprendia direito e gerava distorções nos usos das palavras; penei pra me lembrar de um exemplo mas até agora não consegui. era uma coisa que me entretinha muito na aula (chatíssima) dele, ficar vendo-o usar palavras que devia julgar bonitas totalmente fora de um contexto, ficava algo grotesco. mas no geral o que ocorre é que o significado da palavra é bem compreendido, a pessoa usa com naturalidade, mas por algum motivo ela fica se destacando na frase, asseada, empoada, brilhante.

eu (e provavelmente um monte de pedagogos brinks) ainda acho que ler é a melhor maneira de fazer com que as palavras se entranhem em nós nos seus significados mais reais e, geralmente, bonitos.

porque inovar é uma arte.

sábado, 16 de junho de 2007

londres

estou ouvindo o cd novo do bloc party, weekend in the city, para um trabalho da faculdade. a cidade do título, sim, é londres. é londres mais de baladinha, claro.

também tô lendo dois livros que falam sobre a cidade, cada um a seu modo. cenas londrinas, de virginia woolf, como o nome indica, é mais direto. são pequenos ensaios da virginia sobre a cidade, que ela amava. os textos foram feitos para um jornal, e tratam de coisas prosaicas da cidade, como as docas, até o dia de groupie no qual ela foi visitar a casa de famosos londrinos.

o outro livro, the portrait of a lady, do henry james, é um romance que retrata a inglaterra do séculoXIX. o henry james era um americano radicado em londres, e essa é uma tensão que aparece bastante no livro, pois a senhora do título é isabel archer, uma jovem órfã americana que vai passar uns tempos na europa com a tia. todo o tempo existe uma discussão sobre as diferenças entre ingleses e americanos, uma reflexão sobre a inglaterra, e um delicioso capítulo sobre a viagem de isabel a londres.

convergência, quem curte. como jung chamava mesmo?

sábado, 14 de abril de 2007

Plath e Hughes (e Assia, e GG, e Anne Sexton)

Sylvia e os filhos, Frieda e Nicholas, com cara de acabada

No primeiro dia de 2005, como eu disse, estava numa rede lendo os diários de Sylvia Plath. Dois anos se passaram e lá estava eu, na mesma rede, lendo Ted Hughes. Eu descolei esse livro do Hughes num sebo e, antes dele, nunca tinha lido nada do autor. Lembro de artigos do Paulo Francis elogiando a Sylvia e falando que não gostava da poesia do Ted; pelo Cartas de Aniversário o interesse maior é a temática. As poesias parecem crônicas, têm versos longos, são muito narrativizadas. Preciso procurar mais poemas dele, com temáticas menos circunscritas, e ver o que acho.
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Aí antes de viajar fiquei na internet procurando fotos dos dois. Achei algumas nos googles da vida e, observando-as, Sylvia me pareceu vulgar e até feia em algumas. Os dentes pareciam salientes, o cabelo artificial, os olhos soltados. E toda empoada. Já Ted tem realmente um impacto visual muito grande – uma força emana dele, com aquele maxilar definido, queixo decidido, cabelo fora do lugar, olhos escuros e hipnotizantes. Um homem de personalidade forte e grande poder de sedução – um leonino, afinal. Mas Assia era tão linda! Uma cigana morena, com um quê de insegura. Lembro, em Gilmore Girls, de quando Rory estava fazendo a carta para Harvard e tinha que colocar uma mulher que admirava. Ela pensou Sylvia Plath, mas achou mórbido. E Lorelai fala: pelo menos ela tinha instinto maternal. Sylvia realmente pôs os filhos a salvo, mas é de se questionar que senso de mãe seria esse que deixa órfãs duas crianças de 1 e 2 anos. Claro, antes de mãe, pessoa – eu penso assim. Assia não fez desse modo. Assia, antes de se matar, matou Shura, de apenas 4 anos, sua filha com Ted. E aí fiquei vendo a força de Ted – ele certamente falava bem e era brilhante e inteligente. Me irrita ler os diários de Sylvia depois de casada – ela só escreve o quanto está feliz por ter Ted, por ter conseguido tal marido. Ela sempre teve esse lado – queria um marido, era essencial. E ela era, realmente, louca por homens, e isso sempre tem que soar como defeito? Ela era escorpiana, ele leonino, tinha que ser explosivo.



Ted e Sylvia, brilhantes


Sylvia, cara de prima do interior, e Ted, guapo
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Me pergunto qual seria o signo de Assia (lembro no filme, tão oblíqua).

Biografia da Assia, não lançada no Brasil
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O ponto é: vendo Ted fui me descolando de Sylvia e pensei: realmente, esse é um poder hipnótico. Até agora ta um pouco difícil achar Sylvia __ Fico pensando, Gwyneth Paltrow dava ares melancólicos para Sylvia (inexistentes) e também certa beleza trágica (que não era o caso também). Sylvia tinha “a franja à Verônica Lake” e certamente pretensões de ser como ela num sentido – tão loura, linda, fatal.

oi, Ted, pegaeu, brinks, Ted muito pé frio


Fora de brinks, traços grossos, cara de interiorana, mas te amo Sylvia

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Enfim. Random thoughts.


post scriptum: isso estava escrito desde a primeira semana de janeiro. pretendia melhorá-lo, mas estou com preguiça e perdi boa parte dessas sensações, também (embora até voltem, olhando fotos). é só brinks, galere, sou cabelinho com cabelinho com a sylvia. NOW I AM A LAKE. Oh, Sylvia.

e com isso me lembro da Anne Sexton, e fecho com ela, poesia inspirada pela Sylvia Plath, como vai ficar óbvio para quem ler. Anne e Sylvia se conheceram durante um curso de Robert Lowell, ainda nos Estados Unidos. Depois que Sylvia morreu, uma frase atribuída a Anne circulou: "Essa morte era minha". Ha. Lembro que existe outra frase maliciosa com relação a Sylvia, dela, depois procuro e posto aqui, agora não estou lembrando. Não que elas tenham sido amigas, mas também não eram inimigas, nada assim. A Anne Sexton acabou se matando também, com o gás do carro, aos 45 anos de idade. Dá pra ver pelo poema que ela e Sylvia eram obcecadas pela morte.

Sylvia's Death
by Anne Sexton

O Sylvia, Sylvia,
with a dead box of stones and spoons,
with two children, two meteors
wandering loose in a tiny playroom,

with your mouth into the sheet,
into the roofbeam, into the dumb prayer,

(Sylvia, Sylvia
where did you go
after you wrote me
from Devonshire
about rasing potatoes
and keeping bees?)

what did you stand by,
just how did you lie down into?

Thief --
how did you crawl into,

crawl down alone
into the death I wanted so badly and for so long,

the death we said we both outgrew,
the one we wore on our skinny breasts,

the one we talked of so often each time
we downed three extra dry martinis in Boston,

the death that talked of analysts and cures,
the death that talked like brides with plots,

the death we drank to,
the motives and the quiet deed?

(In Boston
the dying
ride in cabs,
yes death again,
that ride home
with our boy.)

O Sylvia, I remember the sleepy drummer
who beat on our eyes with an old story,

how we wanted to let him come
like a sadist or a New York fairy

to do his job,
a necessity, a window in a wall or a crib,

and since that time he waited
under our heart, our cupboard,

and I see now that we store him up
year after year, old suicides

and I know at the news of your death
a terrible taste for it, like salt,

(And me,
me too.
And now, Sylvia,
you again
with death again,
that ride home
with our boy.)

And I say only
with my arms stretched out into that stone place,

what is your death
but an old belonging,

a mole that fell out
of one of your poems?

(O friend,
while the moon's bad,
and the king's gone,
and the queen's at her wit's end
the bar fly ought to sing!)

O tiny mother,
you too!
O funny duchess!
O blonde thing!

sexta-feira, 23 de março de 2007

Emily Dickinson


I'm Nobody! Who are you?


I'm Nobody! Who are you?
Are you -- Nobody -- Too?
Then there's a pair of us!
Don't tell! they'd advertise -- you know!

How dreary -- to be -- Somebody!
How public -- like a Frog --
To tell one's name -- the livelong June --
To an admiring Bog!

quinta-feira, 22 de março de 2007

Sylvia Plath


Soliloquy of the Solipsist

I?
I walk alone;
The midnight street
Spins itself from under my feet;
When my eyes shut
These dreaming houses all snuff out;
Through a whim of mine
Over gables the moon's celestial onion
Hangs high.

I
Make houses shrink
And trees diminish
By going far; my look's leash
Dangles the puppet-people
Who, unaware how they dwindle,
Laugh, kiss, get drunk,
Nor guess that if I choose to blink
They die.

I
When in good humor,
Give grass its green
Blazon sky blue, and endow the sun
With gold;
Yet, in my wintriest moods, I hold
Absolute power
To boycott any color and forbid any flower
To be.

I
Know you appear
Vivid at my side,
Denying you sprang out of my head,
Claiming you feel
Love fiery enough to prove flesh real,
Though it's quite clear
All you beauty, all your wit, is a gift, my dear,
From me.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

o idiota


depois de diversas tentativas que pararam no meio do caminho – não sei porque – finalmente consegui terminar de ler o idiota, de dostoievski. falando assim parece que foi uma proeza, mas não é um livro difícil de ler. é um clichê dizer que dostoievski é foda, mas ele é, e apesar de tudo não é hermético, é uma leitura que flui. a questão é apenas que tinha o livro há tempos e nunca tinha terminado.


eu li uns 2/3 do livro num só fôlego e aí dei uma parada, isso sempre acontece comigo, estou lendo loucamente um livro e aí passa a vontade, o ritmo vai caindo até desaparecer... aí aproveitei o carnaval e resolvi acabar de lê-lo e o fiz em pouco mais de uma tarde.


no final das contas, acabei lendo o tal livro numa sofreguidão sem igual. enquanto escrevo isso aqui admito que me lembro de uma entrevista do tony ramos no sem censura em que ele falava que o dostoievski era puro folhetim, e é mesmo! virei noites lendo esse livro porque não conseguia largar, acabava um capítulo no ápice, um gancho, e eu não tinha outro jeito senão continuar lendo... provavelmente por conta dessa sofreguidão a leitura não tenha sido tão boa, refletida e amadurecida, vai pra fila dos livros que devo reler, hahahaha.

no livro, dostoievski queria criar um personagem que encarnasse a bondade, e o fez mirando aqueles que eram para ele o máximo disso, jesus e dom quixote. e é claro que na sociedade russa do século XIX ele é um idiota – e ainda assim os desconcerta e até cativa. é um livro lindo, de grande sensibilidade, com muitas reflexões sobre o cristianismo, eslavismo e morte, mais especificamente a pena de morte. É um livro cheio de sutilezas, personagens complexos e que às vezes enche a gente com um não sei o quê...

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007


Quando criança, Zelda Fitzgerald queria ser uma mulher muito rica e fora do comum.
Adoro a Zelda. Quando teve sua única filha, Scottie, ela desejou que ela fosse "bonita e tola - uma linda tolinha".
Adoro a Zelda. Acho que ela era uma libélula, sempre colorida, esvoaçante e de bem que a vida. Dançarina no fervor da meia idade!
(comentário embasado em muitos nadas, claro).