segunda-feira, 26 de março de 2007

A noviça rebelde



O filme é longo como ...E O Vento Levou, mas ao contrário desse parece menos apressado. ... E O Vento Levou, afinal de contas, vara anos, acompanhando boa parte da vida de Scarlett. Mas não quero com isso dizer que EOVL é corrido; acho, pelo contrário, que é o ritmo d'A Noviça Rebelde que é um pouco inconstante.

O filme já começa com uns três minutos dedicados a exibir a paisagem... Matas, montanhas, lagos (o filme foi feito na Áustria, em partes, em Salzburg, terra de Mozart). Um take lindo mostrando a cidade. Tudo lindo e tals, mas parece um prelúdio. Da cidade vai girando, chega numa colina, a música incidental chega ao seu ápice, a câmera vai fechando e vemos Julie Andrews girando, girando. Essa é uma das minhas cenas favoritas do cinema. Acho demás.

Depois de cantar The Sound of Music (título original do filme), ela ouve os sinos do convento, se percebe atrasada e sai correndo. Uma explosão de energia.

Entram os créditos, com cenas da cidade de fundo. É quase turístico. Ou então: veja, saímos dos estúdios, estamos caprichando nesse aqui.

Logo estaremos acompanhando a estória de Maria, noviça que sempre acaba se envolvendo em problemas (explicados no delicioso número musical executado pelas feiras, How do you solve a problem like Maria). Para tentar ajudá-la a compreender se seu futuro está realmente no convento e também ajudar uma família, a madre chefe a encaminha para a casa de um capitão do mar, no papel de governanta.

Daí entra em cena a clássica história da babá amorosa e criativa que derruba as barreiras das crianças magoadas e mimadas (de maneira um pouco didática, acho, tudo cheio de pingos no is). Claro que depois ela conquista o rígido viúvo, pai das crianças. E aí, depois de um intervalo, vem a segunda parte, sobre a ascenção do nazismo e a necessidade de fuga da família, que se recusava a hastear a suástica em lugar da bandeira nacional. A quebra do ritmo é forte. Parece muito, e é, parte 1 e parte 2, quase que dois filmes diferentes. Só que a segunda parte é menor. Enfim.

O filme é recheado de números musicais e, apesar de preferir Mary Poppins, acho que Julie Andrews está bem melhor neste. Maria, que tem um quê de selvagem, ganha um ar de candura muito agradável com sua atuação. Eu adoro a Julie Andrews. Quando ela está indo para a casa do capitão, primeiro sai triste e desconfiada. Se pergunta porque não está feliz, com seu futuro aberto, diante de si... E vai melhorando, ganha ânimo, e logo está cantando muito no caminho, dançando, é demás; ela tem confiança em si, na luz do sol, na chuva, na primavera que vai chegar... Tem confiança de que tudo que precisa está nas suas mãos, tem confiança nessa confiaça... Acho extasiante.


Acompanhe:

I have confidence, the world can all be mine
They'll have to agree I have confidence in me
I have confidence in sunshine
I have confidence in rain
I have confidence that spring will come again
Besides which you see I have confidence in me
Strength doesn't lie in numbers
Strength doesn't lie in wealth
Strength lies in nights of peaceful slumbers
When you wake up, wake up!
It's healthy
All I trust I leave my heart to
All I trust becomes my own
I have confidence, in confidence alone
(Oh help........)
I have confidence, in confidence alone
Besides which you see I have confidence in me


Na segunda temporada de Gilmore Girls, quando Jess chega a Stars Hollow, ele vai dar uma volta para conhecer a cidade. Ao por os pés para fora, olha desanimadamente. E começa a tocar This is Hell, do Elvis Costello ("this is hell, this is hell, I'm sorry to tell you/ It never gets better or worse"). Lá pelas tantas, Elvis canta, se sentindo bullyng pelo mundo: "My Favourite Things are playing, again and again/ But it's by Julie Andrews and not by John Coltrane"...

Eu prefiro a versão da Julie e ontem, revendo o filme pouco antes de pegar no sono, me perguntei o que isso queria dizer.

Vídeo o pedaço do How Do You Solve A Problem Like Maria (na real chama só Maria)