terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Alias

Estava revendo a segunda temporada de Alias, com certeza a melhor. Nela está meu episódio favorito, The Telling, que conta com uma seqüência fantástica, ao final.
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Considerações gerais sobre Alias, antes. A série começou bem, a primeira temporada foi vigorosa, inteligente. A segunda foi ainda melhor, com a entrada da excepcional Lena Olin e do David Anders. Daí houve todo um final apocalípctico - Sydney acorda em Hong Kong e descobre que se passaram dois anos com ela sumida, presumivelmente morta - e daí na volta não souberam concluir bem. A terceira temporada tem um enredo ruim, mas pelo menos conta com um bom par de vilões - Lauren e Sark - e algumas tensões na vida pessoal de Sydney. Isso é mais do que se pode dizer da quarta, que também começa após um final em suspenso, e é muito ruim. A quinta e última teve menos episódios (de médios para ruins). A sensação que dava era de que todos queriam pular fora da série. O J.J. Abrams estava super estourado em Lost, a Jennifer Garner casada e mãe, contracenando com o ex, Michael Vartan, e boatos dando conta do desagrado do Assfleck com isso... A Lena Olin, que eles tiveram que lamber o chão pra voltar pra fazer o final... Só me pergunto porque deixaram a série agonizar tanto antes de dar o golpe final - que graças a Deus foi dado.
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Bom, gosto de tramas de espionagem e de mulheres em ação, e acho que a Jennifer Garner tem carisma o suficiente para segurar a série, em partes; existiam pontos fracos, como o fato de ser muito maniqueísta, mas não era disso que Alias tratava, afinal. Quando, além de maniqueístas, as coisas ficavam mirabolantes demais, era deprimente. Considero a Jennifer Garner uma boa atriz, com bons recursos para trabalhar com ação (força física, agilidade) e simplesmente nascida para a comédia (ainda acho que esse potencial dela não foi explorado na sua totalidade, apesar do simpático De Repente 30). Gosto dela em cena e fora de cena - pena que casou com o Affleck.
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Pois bem, puxando o fio lá de cima: nessa cena, a Sydney chega em casa, cansada. Ela mora com dois amigos, Will e Francie, e não sabe que Francie na verdade foi assassinada e substituída por um dublê - alguém que assume a aparência de outra pessoa. Bom, Will descobriu e lutou com a falsa Francie (apanhou, na verdade). Quando Sydney chega, tudo normal. Pega um sorvete de café, senta ao lado de Francie, pergunta por Will e vai ouvir os recados no celular. Tem um de Will, falando sobre sua suspeita em relação a Francie. Nessa hora, Jennifer Garner deixa transparecer no rosto incredulidade, raiva e por último um esforço enorme para se controlar e então oferecer, naturalmente, um sorvete para a "amiga". Ela aceita e então Syd diz que vai se trocar. O sorvete era uma pegadinha - a Francie verdadeira odiava sorvete de café. Sydney se dirige reto para o quarto e pega uma arma, mas a dublê também se lembrou do detalhe do sorvete e já está apontando uma arma para ela. Se segue o diálogo:
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_ Francie doesn't like coffee icecream.
_No, she doesn't.
_Drop the gun! Drop it!
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E daí começa um tiroteio.
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Gente, adoro essa cena, desde a hora que Sydney concorda, distante, quando Francie diz que Will saiu, tomando sorvete e ouvindo os recados, passando por suas expressões faciais, o "no, she doesn't" e, claro, a luta. Acho que valeu a pena Alias ter existido nem que seja por esses quinze minutos finais da segunda temporada.
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Eu tenho certeza que Tarantino adora essa cena também. Ele era fã de Alias e já participou como ator um par de vezes - todas horríveis, claro, tão canastrão. A luta de Sydney e Francie é muito bagaceira, desajeitada, quebrando tudo na casa e endless, no final as duas estão acabadas de cansaço, prostradas. Me lembra muito A Noiva vs. Vernita Green, no Kill Bill Volume 1. Aquela coisa de uma empurrar a outra num armário cheio de pratos e caírem quebrando tudo. Sydney ganha por pouco e cai desmaiada - para acordar em Hong Kong e iniciar a decadência da série.