segunda-feira, 12 de outubro de 2009

labirinto do fauno, pt 2

hoje procurei o post do daniel galera sobre o labirinto do fauno, ressucitada por um próprio post meu em que o mencionava, e não achei. para ser sincera, minha sessão de links aí do lado tá bem defasada e EXIGE uma atualização. de qualquer sorte, achei em outro blog, não no do galera (na verdade ele agora só tem o SITE), e resolvi postar aqui para ficar ao alcance fácil DOS MEUS OLHOS.

“O Labirinto do Fauno, de Guillermo del Toro, é o filme mais triste que já vi. Saí do cinema massacrado, e acho que o mesmo deverá ocorrer com qualquer pessoa cuja história pessoal esteja profundamente contaminada pela fábula (não no sentido de fábula infantil com moral, mas no sentido mais amplo de narrativa imaginada, de aceitação visceral da fantasia como um dos componentes essenciais da vida). Muitos vão gostar do filme - é graficamente lindo, é cruel e sádico, é assustador (contendo, inclusive, a criatura fantástica mais assustadora que já vi na tela), é protagonizado por uma menina adorável, tem excelentes atores no todo, comove qualquer um até a medula e consegue, sem ser chato em nenhum instante, combinar tudo isso com uma abordagem extremamente rancorosa dos traumas da guerra civil espanhola. Mas suspeito que apenas alguns sairão abalados pelo golpe final, uma declaração quase insuportável de que a realidade e a imaginação estão divididas por um abismo instransponível e já não podem ajudar uma à outra nos dias de hoje; de que só resta, à imaginação fantasiosa, a nobre função de fuga dos horrores da vida real; de que uma e outra não podem mais andar de mãos dadas. A ficção está morrendo, ou, para não soar dramático demais, cada vez mais perdendo o valor (”O seu livro é autobiográfico?”, me pergunta um fantasminha nesse momento, com um sorriso cheio de sarcasmo estampado na cara - ele sabe, como eu, que a resposta não existe). É um diagnóstico doloroso, que consegue ser belo somente no sentido de que temos um autor de cinema capaz de reconhecer o estado moribundo em que se encontra a fábula e de transformar esse triste fato num filme implacável."