sábado, 17 de outubro de 2009

Blair vs. Serena (texto errático e cheio de digressões sobre as moças, nos livros e na série)

Meu primeiro post sobre Gossip Girl foi baseado quase que totalmente em primeiras impressões. Eu estava terminando a primeira temporada, de uma sentada só, e o primeiro livro. Eu não lembro bem como eu achava que a série era e de fato tinha mais medo de parecer com OC (que hoje em dia já me parece menos chata, vista em perspectiva, embora ainda não tenha paciência pra Seth).

O piloto da série tem um ar de mistério maravilhoso que nenhum episódio conseguiu recuperar – e uma certa crueza também. Serena chegando de uma longa estadia longe da cidade, ninguém sabendo bem o porquê, e Blair neste episódio tem uma relação com ela mais frenemie do que nunca, é algo muito real. Sempre que eu me lembro desta estréia vejo algo meio escuro. E Dan invisível era mais legal – ele não falava tantas babaquices, apesar de ser só um stalker idiota – quisera Deus que tivessem estendido este pedaço. Às vezes quanto eu penso naquela imagem da Serena parada na estação, chegando, eu até acho que é outra série (pelo menos abandonaram aquela chapinha da Blake por um cabelo muito mais mágico).

Serena chega assim, aérea, deslizando, sem ligar para os outros. E é tão dolorosamente convincente. Blair é ainda mais, com aquela urgência para cima de Nate – e a evidente inveja misturada com admiração e despeito em relação a Serena.

Depois a série começou a ganhar tramas, outros personagens, um cotidiano, um tom de comédia vez sim, vez não, vez sim. Ficou mais série teen enquanto que o piloto sugeria apenas uma história, e uma bem boa. Mas asi es, não vejo como poderiam ter escapado disso.

Eu comecei a ver Gossip Girl pelo buzz, ainda me interesso muito por isto, e estou lendo os livros (estou no quinto). No geral, ainda acho que é uma série de livros fraca enquanto literatura. Estas observações sociais devem se aplicar mais aos EUA porque para mim nem enquanto retrato de uma classe vale muito. O que importa na série e no livro é realmente a dupla protagonista – ponto. Volto a isto, porque é inescapável.

Eu dizia que não tinha times, e realmente gosto das duas, mas hoje acabo me sentindo meio inclinada para Serena. Deve ter um pouco do fato de todos ficarem tão ostensivamente dizendo que a S. é sem graça. Tem gente que acha isto na série, porque deixaram a Serena ‘boazinha’, mas a crítica da New Yorker (que é até positiva) já dá a idéia de que os livros são sobre Blair e a Serena é meio apagadinha.

Blair é muito mais enjoada e egoísta no livro. Esta lealdade que vira e mexe alguém fica jogando na cara em comunidades do Orkut não tem nem traço nos livros. Esta coisa de megaplanos de dominação e manipulação também acontece em níveis bem menores. Blair é só uma garota que queria viver uma vida de sonhos e tenta controlar a realidade mas, batendo a cara aqui e ali, se fecha em seu mundinho de mimada. A maioria do tempo que passamos com a Blair nos livros é só ela pensando como tudo está ruim, como todos são horríveis, como a vida é lamentável. Ela não fala essas coisas e não age diante disso, mas ela está sempre pensando coisas neste nível. EU poderia me identificar mais com isto, na realidade, e tenho um pouco de empatia, mas a verdade é que Blair é um personagem tão sem generosidade que não consigo ter compaixão por ela (nos livros). Na série, ela tem um toque a mais de sangue quente, uma fidelidade canina que sei apreciar, tem um sofrimento mais real e tangível (ela se sente magoada e chora tipo de partir o coração quando tem breakups com o Nate, por exemplo, enquanto que no livro é mais misce-em-scene). É interessante no livro – mas tem pouco pathos.

A Serena é mais uniforme. Claro que ela é mais “boazinha” na série, mas que isto não implique que ela é bitch no livro. Eu ainda não vi um “a” bitch da Serena nos cinco primeiros livros – ela só é mais livre e menos amiga ostensiva, mas ainda assim ela é bem solidária. Ficam dando a entender na série que antes da rehab/viagem a Serena era a Queen porque ela escrotizava também e a verdade, na série e no livro, é que Serena é só uma celebridade ali naquele meio, ela não faz nada para isto, ela simplesmente o é. Não tem nada de passado, presente ou futuro bitch na Serena em canto nenhum (nem na Blair do livro, que como já disse é só mimada e manipuladora vez ou outra, não chega a este nível institucionalizado “malhação” da TV). Ela é muito easy going, fala com todo mundo (enquanto a Blair vai de exclusiva a simplesmente chata) e eu aprecio isto. A Serena do livro é mais cabeça vazia, dumb (como já disse) e simplesmente encantadora para todos. Ela é muito direta e simples com tudo, fácil de conviver (embora, claro, também esteja “perdida na vida” como os outros). Na série, eles fazem ela ser mais “amiga”. O que as duas representações compartilham é uma impetuosidade, se deixando levar e entusiasmar com facilidade. Blair está mais preocupada com como as coisas deveriam ser e Serena com como elas são. Eu entendo que a Blair é mais “complexa” (no livro, na série é essa psicologiazinha de revista, daddy e mammy issues fazendo tudo), mas é horrendo que isto tenha que significar ‘melhor’. Serena é straight forward e muito mais carismática – no livro isso é ainda mais reforçado pelo simples fato de que Blair é só alguém noiado, não esta persona Blair interpretada pela Leighton e tal.

Uma das maiores alegrias é que no livro a parte dos “artistas” é muito mais levada a sério e graças a Deus não passaram isto para a série, que fica aquela coisa mamão com açúcar. O Dan tudo bem que é uma espécie de sátira, mas a autora realmente leva Vanessa a sério e acho isso freak, acho PAU NO CU o núcleo de artistas. Aliás, todos são tipos (Aaron, que), menos Blair e Serena.

(Continuo achando que nenhum dos outros personagens vale a pena ser objeto de UMA LINHA escrita por mim. Talvez o Nate, gosto mais dele hoje em dia. Na série ele tem essa coisa de cavalheiro e uma retidão que irritam um pouco vez ou outra, mas eu gosto – e tem umas coisas meio freaks como aceitar dinheiro da Catherine depois de recusar o do Chuck, e ele sempre me irritou muito porque sapateou na Blair, mas quando soube que ela transou com Chuck quando eles terminaram fez o moralmente ofendido. É claro que eu sei que o Nate é um inexpressivo e o modo como ele vai de mulher em mulher só realça isso, mas ele é uma boa figura. No livro gosto ainda mais dele, só querendo ficar na dele e ir levando o máximo possível. E ele nunca vai ser um escroque como o Chuck. Pronto, uma meia dúzia de linhas pro Archibald).

ps – sinto que este tema não está esgotado rsrsrs.

(postado originalmente no CORRAO, que decidi deixar 1 pouco de lado. e já precisando de um pouco de UPDATE, diante da terceira temporada, do término dos livros, mas ainda É ISSO AI. abs)