segunda-feira, 9 de abril de 2007

tergiversando sobre a cidade - salvador e fatboy slim

já disse a thiago e o repito aqui: se por algum acaso eu tenha que morar em salvador no futuro, quero morar no campo grande.

eu adoro o campo grande. ponto. gosto da mistura de prédios antigos, prédios anos 80 vulgares e alguns novos "de luxo". adoro as árvores. adoro a praça. adoro as pessoas. é bem localizado, de fácil acesso, perto do tca, do vila velha (aquela que vai ao teatro diz); tem até a sala de arte do museu perto.

hoje tive que ir à reitoria, que fica no canela, para entregar um relatório. peguei um ônibus para descer no tca e caminhar até lá. péssima que sou para questões espaço-temporais, e ainda entretida com o mp3, cheguei ao campo grande de supetão. sempre que pego um ônibus que não seja meu usual, pituba-ondina, tenho que saber um ponto de referência e fico esperando que ele apareça, e de repente vejo o tca ali do lado e dou um pulo da cadeira... estava a pouco no colégio antônio vieira (garcia? onde é aquilo?) e não tinha idéia se era perto ou longe... uma senhora me cutucou para perguntar se o campo grande estava perto e eu não tinha idéia... fiquei até constrangida quando vi que, na real, já estávamos na iminência de cair no bairro, e assim foi. quando botei meu pé pra fora do ônibus, começou a tocar fatboy slim, the rockafeller skank. a música terminou exatamente quando acabei de subir as escadas da reitoria e cheguei à recepção, 6:54 minutos nos quais peguei o caminho mais longo por distração, apaixonada pelas árvores antigas do campo grande e fascinada com como fatboy slim combina com salvador. eu já tinha pensado nisso quando estava no ônibus indo para casa, passando por ondina, e vi um rapaz se aquecendo na praia, de sunga, e ele parecia tão no ritmo da música. os gestos casuais e as expressões da pessoa se adequam de maneira vívida ao som. claro que sempre que ando na rua ouvindo música fica parecendo vida com trilha sonora, mas sinceramente, com fatboy slim é diferente! ele está certo, venha sempre pra salvador, pro carnaval, combina mesmo, avibe é essa (odeio a palavra vibe)

enfim, entreguei o relatório e saí de lá me sentindo muito tranqüila, serena, já completamente calma e diferente de ontem. pensei: por que voltar pra casa agora, vou passear um pouco no campo grande. fiquei na praça ouvindo música e lendo um pouco. na hora que ia saindo e passei pelo parquinho onde as crianças brincavam, começou a tocar carla bruni e achei que combinava perfeitamente também.

a praça não é nada de demais, mas é agradável. lembrei de uma praça que vi em bh, só que essa era mais superlativa, a praça do campo grande é meio tímida, cheia de pombos e velhinhos, casais de namorado e crianças. voltei a pensar em bh quando voltava para casa, pensando naqueles bairros da orla (a beleza turística da barra, a "boemia" do rio vermelho - conheço só a faixa de fora, existe dentro? - a ordinariedade total de ondina, existe algum bairro mais ordinário, pequeno, caído?). gostei muito de belo horizonte, mas sempre me atordoava saber que não havia mar, não importando para que lado se olhava. a idéia de morar longe do mar me incomoda. não tem nada a ver com não gostar de praia.

quando saí da praça, pensei se ia para esquerda ou para direita, achei que pela direita ia parar em lugares longes, a esquerda não estava atinando onde ia dar, escolhi a esquerda. fui cair no corredor da vitória, vi o mar e fiquei perplexa (o mar não era atrás??), começou a tocar aqualung e achei deprimente ficar ali esperando o ônibus vendo esses prédios over de gente rica (e nem sabia de qual dos lados deveria pegar ônibus). mas adoro as árvores anyway! fui andando esperando chegar em um canto que não fosse a vitória e aí aconteceu algo que detesto: descobri que estava no lado contrário. sabe quando você anda imaginando que está indo num sentido, que tal coisa é de tal lado, sei lá, é meio estranho explicar... mas quando vi o cinema do museu minha cabeça deu um nó, porque era para estar do outro lado da rua... estava caminhando ao contrário do que imaginava. o lado bom disso foi que aí notei que estava indo para barra, ia pegar qualquer ônibus que me deixaria em casa depois de passear pela orla, que foi o que aconteceu. ainda estava meio em dúvida quando peguei o ônibus, mas quando passei pela ladeira da barra e vi que estava descendo e que a casa de nina, o iate, o cemitério, tudo estava onde deveria estar, relaxei, voltei a ouvir fatboy slim e reparei que tinham duas pessoas bonitas no ônibus, uma moça e um rapaz, os dois de jeans e branco, como eu.

e isso já não quer dizer nada.