terça-feira, 31 de maio de 2005

Silêncio, solidão e paz, please

desde o momento em que eu acordei da soneca da tarde eu estou de mau-humor. foi meio repentino porque tive um dia ok, de um modo geral, e de repente lá está aquele bode, a cara amarrada. bom, em partes posso explicar isso porque estou saturada de algumas coisas. estou saturada dessa reforma aqui em casa, e olha que tá só começando. to saturada de trocar sorrisinhos com o responsável pela obra, de esbarrar em homens desconhecidos pelo corredor de casa, de acordar com o bate estaca. to saturada dos comentários pretensamente engraçadinhos da moça que trabalha aqui em casa, e de como ela pode ser invasiva – na verdade, ela consegue ser invasiva quase sempre. comendo na mesa da cozinha ou deitada vendo um filme no quarto, preservando meu silêncio, sou obrigada a ouvir os comentários dela. sei que isso soa, e é, ranzinza, mas posso fazer o que se isso me incomoda demais? já liguei o foda-se porque nem respondo, então fico pagando de chata, mas nem isso adianta, pelo jeito. saudosa época em que minha fama de chata afastava essas pessoas de mim. to saturada de minha tia, rondando pela casa, me cerceando só com sua presença católica-conservadora e sua inabalável necessidade de falar. minha mãe e joanna disseram que sou impiedosa porque não entendo que ela, uma senhora de idade sem ter muito com quem conversar, precise ficar falando, em altíssimo tom, o tempo quase todo. posso fazer o que número 2, acho a velhice decrépita e quase indecente de tão feia. acordei emputecida porque tinha um tanto de coisas a fazer e disposição nenhuma. acordei emputecida pelo velho motivo de ‘ter coisas a fazer’ me sufocar, me deixar sem horizonte. acordei sem vontade, rolei na cama, e não tava com o mood pra lidar com as pessoas. e isso se seguiu e se seguiu até agora. pouco atrás, tive que me conter pra não ter uma reação super emocional com joanna – e ela tá no humor que eu considero bom, falante, sorridente. e eu com uma semi vontade de chorar e de explodir. foda-se, eu quero só silêncio, solidão e paz.