terça-feira, 2 de novembro de 2004

Elogio ao ócio (não criativo)

Porque a gente se engana quando vê um feriadão pela frente e pensa: “Ah, tudo que eu queria, um tempo dessa rotina corrida pra ajeitar as idéias na cabeça...”? Eu sou assim desde sempre. Fico pensando que “esse feriadão era o que eu precisava pra colocar Química em dia”, “Ah, 4 dias de ócio criativo pra adiantar meus trabalhos!” etc. Eu sempre lidei mal com responsabilidades. Eu não gosto e não gosto mesmo. Isso deve dizer que ainda não sou adulta. É claro que não sou! Quando eu falo que eu não tenho a mínima vontade de trabalhar, as pessoas ou não levam a sério ou acham desvio de caráter. E talvez seja. Tenho amigas loucas pra trabalhar, “pra ter seu próprio dinheiro”, independência. Eu não. Eu odeio essa cultura do trabalho, “o trabalho dignifica o homem”, “dinheiro bom é dinheiro suado” ( e aí junta com todos os ditados que querem dizer que dinheiro não é bom).
Eu adoro a idéia de longos dias sem obrigações. Quando tenho algo a fazer, essa responsabilidade fica à minha espreita, sempre me incomodando e me deixando doente de ansiedade. E não precisa ser muita coisa não, coisas mínimas que exijam o que parece ser um quase nada pra todo mundo. Por exemplo: nesse momento, fico nervosa all the time, por conta de 3 trabalhos a fazer e também por ter que ir na auto-escola pra marcar outro teste. O que me incomoda agora não é o teste em si, e sim ter que ir mais uma vez na auto-escola. Não gosta da sensação de “ter que”. São nas coisas que eu tenho que fazer que eu penso antes de dormir, e me incomoda demais. Essas responsabilidades, pequenas ou grandes, me oprimem. E eu não faço logo pra me livrar delas... Fico adiando até o limite. E hoje é o limite: o último dia do feriadão. Feriadão no qual nada fiz de muito útil; fiquei no PC eternamente. E se não tivesse sido o PC (é, só tenho desde os 16 anos, e desde sempre sou vagal), seria a TV, os livros (eles até me consumiram um pouco nesse fds), a cama...
Ah! Odeio ter que fazer trabalho. Odeio trabalho. Isso me deprime, me enoja, me enerva, me deixa ansiosa e neurótica.