segunda-feira, 25 de outubro de 2004

A minha ansiedade, quem me conhece sabe.
Eu acordei 6 horas, decidida a sair 10 pras 7. Eu tenho horror a me atrasar. Detesto mesmo, não só por saber como é chato esperar (não gosto de deixar ninguém me esperando), mas também é uma questão de controle do tempo: eu detesto ficar apressada, apertando o passo porque sei que vou atrasar; detesto “em cima da hora” (isso só não vale pra trabalhos...). Por isso eu faço tudo com tempo contado. Antes de ir pra qualquer lugar eu divido o tempo pra cada coisa pra saber exatamente quando começar a me arrumar. Por exemplo, eu tiro meia hora pra me arrumar, aí deixo 40 minutos, por via das dúvidas. Vou dividindo assim, e nesse processo vou juntando essas sobras e aí já viu: cheguei no Detran 7:10.
Mas, voltando. Tomei um banho quente, me vesti... A calça que eu queria estava toda suja de mostarda, e coloquei outra. A blusa meio amassada, mas eu queria ela... No Stress, a interpretação depende de se você vai ler em português ou inglês (mas a minha tinha um smile festivo, com bandana e as porra). Comi sanduíche de atum, bebi café com leite, escovei os dentes e desci. No carro, coloquei Coldplay pra tocar e tentei relaxar. Conversei um pouco com meu irmão, que estava me levando, e foi isso.
Agora vem a minha ansiedade, minha neura: eu ficava olhando pros papéis umas mil vezes. Eu via que tava tudo ali mas a sensação de que tinha esquecido algo era forte. A ansiedade que eu sinto pré-tudo é de matar. Eu imagino tudo de ruim. Sempre parece que algo vai dar errado. Na matrícula da UFBa foi assim. Eu falava pra Flávia: “Eu vou ser o 1º caso de ‘aprovada no vestibular mas não se matriculou por insuficiência de documentos’”. Eu já cheguei ao cúmulo de ter uma aula marcada na auto-escola, só que tinha tempo, e eu achava que era 8 horas, quando peguei o papel tava 9. Eu ficava: “e se estiver escrito 9 mas for 8?”. Era absurdo. Essa imaginação negativa ainda me mata! É tipo mesmo aquela música do Kid, “tudo atrapalha o que eu faço, mas pros outros parece tão fácil”; é quase megalomania.
Como eu não sabia como funcionava, fiquei lagarteando ao sol, porque não queria chegar muito cedo. mas não tinha idéia de que ponto do lugar eu deveria ficar para encontrar meu instrutor. Eles não são claros, falam que é lá e vá com Deus (foi assim que eu perdi uma aula e me atrasei TODA nesse processo burocrático). Eu não tinha certeza de como funcionava, e como detesto me informar fiquei lá, olhando todo mundo. Os testes começaram antes das 8, e nada do meu instrutor aparecer. Eu ficava imaginando que ele não ia aparecer, eu ia ficar ali como uma idiota e fim.
Até que o carro chegou, celta branco da minha auto-escola, mas era outro instrutor. Aí eu cheguei e perguntei se não era Fábio o instrutor, o cara falou que Fábio tinha saído da empresa, e que ia ser a segunda a fazer o teste (tinha um menino que ia usar o carro também). Achei isso um mau sinal, eu já não ia ter meu instrutor pra dizer uma palavra de incentivo, o cara que sabia meus pontos fracos etc.
E de repente ele me chamou pra fazer a baliza, eu entrei no carro, o cara do Detran me indicou a vaga e eu fui.
Foi triste. Eu fui da primeira vez, chegou uma hora que eu não sabia se tinha virado pra esquerda ou pra direita... Foi bizarro, eu fiquei com a sensação de que ia derrubar um cone da minha vaga, o que é absurdo, e voltei (a gente pode voltar pra fazer de novo até 3 vezes). E aí fui fazendo do jeito que achava certo, tentando me concentrar... Mas não rolou. Eu bati no primeiro cone da esquerda, não derrubei mas raspei. Ou seja:perdi na baliza. Eu nunca tinha errado na baliza. E foi isso. Foi o fim do dia mais aguardado por muito tempo. No máximo 10 minutos.
Fiquei arrasada. O instrutor tentou me animar, falou que era a primeira vez e tal. É, quem sabe no próximo eu erro a meia embrenhagem, e aí no terceiro (ano que vem e mil reais depois) eu passe.