Blair vs. Serena (texto errático e cheio de digressões sobre as moças, nos livros e na série)
Meu primeiro post sobre Gossip Girl foi baseado quase que totalmente em primeiras impressões. Eu estava terminando a primeira temporada, de uma sentada só, e o primeiro livro. Eu não lembro bem como eu achava que a série era e de fato tinha mais medo de parecer com OC (que hoje em dia já me parece menos chata, vista em perspectiva, embora ainda não tenha paciência pra Seth).O piloto da série tem um ar de mistério maravilhoso que nenhum episódio conseguiu recuperar – e uma certa crueza também. Serena chegando de uma longa estadia longe da cidade, ninguém sabendo bem o porquê, e Blair neste episódio tem uma relação com ela mais frenemie do que nunca, é algo muito real. Sempre que eu me lembro desta estréia vejo algo meio escuro. E Dan invisível era mais legal – ele não falava tantas babaquices, apesar de ser só um stalker idiota – quisera Deus que tivessem estendido este pedaço. Às vezes quanto eu penso naquela imagem da Serena parada na estação, chegando, eu até acho que é outra série (pelo menos abandonaram aquela chapinha da Blake por um cabelo muito mais mágico).
Serena chega assim, aérea, deslizando, sem ligar para os outros. E é tão dolorosamente convincente. Blair é ainda mais, com aquela urgência para cima de Nate – e a evidente inveja misturada com admiração e despeito em relação a Serena.
Depois a série começou a ganhar tramas, outros personagens, um cotidiano, um tom de comédia vez sim, vez não, vez sim. Ficou mais série teen enquanto que o piloto sugeria apenas uma história, e uma bem boa. Mas asi es, não vejo como poderiam ter escapado disso.
Eu comecei a ver Gossip Girl pelo buzz, ainda me interesso muito por isto, e estou lendo os livros (estou no quinto). No geral, ainda acho que é uma série de livros fraca enquanto literatura. Estas observações sociais devem se aplicar mais aos EUA porque para mim nem enquanto retrato de uma classe vale muito. O que importa na série e no livro é realmente a dupla protagonista – ponto. Volto a isto, porque é inescapável.
Eu dizia que não tinha times, e realmente gosto das duas, mas hoje acabo me sentindo meio inclinada para Serena. Deve ter um pouco do fato de todos ficarem tão ostensivamente dizendo que a S. é sem graça. Tem gente que acha isto na série, porque deixaram a Serena ‘boazinha’, mas a crítica da New Yorker (que é até positiva) já dá a idéia de que os livros são sobre Blair e a Serena é meio apagadinha.
Blair é muito mais enjoada e egoísta no livro. Esta lealdade que vira e mexe alguém fica jogando na cara em comunidades do Orkut não tem nem traço nos livros. Esta coisa de megaplanos de dominação e manipulação também acontece em níveis bem menores. Blair é só uma garota que queria viver uma vida de sonhos e tenta controlar a realidade mas, batendo a cara aqui e ali, se fecha em seu mundinho de mimada. A maioria do tempo que passamos com a Blair nos livros é só ela pensando como tudo está ruim, como todos são horríveis, como a vida é lamentável. Ela não fala essas coisas e não age diante disso, mas ela está sempre pensando coisas neste nível. EU poderia me identificar mais com isto, na realidade, e tenho um pouco de empatia, mas a verdade é que Blair é um personagem tão sem generosidade que não consigo ter compaixão por ela (nos livros). Na série, ela tem um toque a mais de sangue quente, uma fidelidade canina que sei apreciar, tem um sofrimento mais real e tangível (ela se sente magoada e chora tipo de partir o coração quando tem breakups com o Nate, por exemplo, enquanto que no livro é mais misce-em-scene). É interessante no livro – mas tem pouco pathos.A Serena é mais uniforme. Claro que ela é mais “boazinha” na série, mas que isto não implique que ela é bitch no livro. Eu ainda não vi um “a” bitch da Serena nos cinco primeiros livros – ela só é mais livre e menos amiga ostensiva, mas ainda assim ela é bem solidária. Ficam dando a entender na série que antes da rehab/viagem a Serena era a Queen porque ela escrotizava também e a verdade, na série e no livro, é que Serena é só uma celebridade ali naquele meio, ela não faz nada para isto, ela simplesmente o é. Não tem nada de passado, presente ou futuro bitch na Serena em canto nenhum (nem na Blair do livro, que como já disse é só mimada e manipuladora vez ou outra, não chega a este nível institucionalizado “malhação” da TV). Ela é muito easy going, fala com todo mundo (enquanto a Blair vai de exclusiva a simplesmente chata) e eu aprecio isto. A Serena do livro é mais cabeça vazia, dumb (como já disse) e simplesmente encantadora para todos. Ela é muito direta e simples com tudo, fácil de conviver (embora, claro, também esteja “perdida na vida” como os outros). Na série, eles fazem ela ser mais “amiga”. O que as duas representações compartilham é uma impetuosidade, se deixando levar e entusiasmar com facilidade. Blair está mais preocupada com como as coisas deveriam ser e Serena com como elas são. Eu entendo que a Blair é mais “complexa” (no livro, na série é essa psicologiazinha de revista, daddy e mammy issues fazendo tudo), mas é horrendo que isto tenha que significar ‘melhor’. Serena é straight forward e muito mais carismática – no livro isso é ainda mais reforçado pelo simples fato de que Blair é só alguém noiado, não esta persona Blair interpretada pela Leighton e tal.
Uma das maiores alegrias é que no livro a parte dos “artistas” é muito mais levada a sério e graças a Deus não passaram isto para a série, que fica aquela coisa mamão com açúcar. O Dan tudo bem que é uma espécie de sátira, mas a autora realmente leva Vanessa a sério e acho isso freak, acho PAU NO CU o núcleo de artistas. Aliás, todos são tipos (Aaron, que), menos Blair e Serena.
(Continuo achando que nenhum dos outros personagens vale a pena ser objeto de UMA LINHA escrita por mim. Talvez o Nate, gosto mais dele hoje em dia. Na série ele tem essa coisa de cavalheiro e uma retidão que irritam um pouco vez ou outra, mas eu gosto – e tem umas coisas meio freaks como aceitar dinheiro da Catherine depois de recusar o do Chuck, e ele sempre me irritou muito porque sapateou na Blair, mas quando soube que ela transou com Chuck quando eles terminaram fez o moralmente ofendido. É claro que eu sei que o Nate é um inexpressivo e o modo como ele vai de mulher em mulher só realça isso, mas ele é uma boa figura. No livro gosto ainda mais dele, só querendo ficar na dele e ir levando o máximo possível. E ele nunca vai ser um escroque como o Chuck. Pronto, uma meia dúzia de linhas pro Archibald).
ps – sinto que este tema não está esgotado rsrsrs.(postado originalmente no CORRAO, que decidi deixar 1 pouco de lado. e já precisando de um pouco de UPDATE, diante da terceira temporada, do término dos livros, mas ainda É ISSO AI. abs)