sexta-feira, 19 de setembro de 2008

porque não vi funny games reloaded

Eu sei que isso vai soar como uma bobagem, mas eu odeio violência. Não falo só de violência bang bang do cotidiano, mas de tudo relacionado, até gente de temperamento violento me assusta. Eu fico horrorizada, do tipo nunca mais quero ver, com Laranja Mecânica. Fico horrorizada que tem gente que idolatra Alex. Sinto a mesma coisa com os pseudo iconoclastas que morrem por Clube da Luta, um asco misturado com agonia. Agonia é uma coisa estranha. Fico muito agoniada quando tenho pena de alguém, porque pena mistura algo de bom (compaixão, no sentido do Kundera), com uma sensação um pouco abjeta, um pouco vergonha. É tortura. Fico agoniada conversando com minha mãe no MSN, gtalk e similares... Acho que é porque ela não domina bem a gramática destes meios e acaba passando uma ingenuidade tão pungente que me machuca, me dá vontade de fechar os olhos. Eu também fico um pouco agoniada com a Maísa. Claro que eu adoro a Maísa, tanto do ponto de vista brinks/produção, quanto do ponto de vista da “normalidade” (afinal, ela é uma criança esperta, carismática, vai de vento e popa rumo ao seu futuro). Mas, sei lá, de vez em quando penso na Maísa e me dá um aperto louco no peito. Mas claro que a coisa que mais me dá agonia é a violência... É ver gente sádica, cruel, que gosta, simples assim, da destruição. A destruição em si não me parece algo negativo. A escatologia é um pouco atraente. Ah, bom. Tudo isso pra dizer que baixei novo Funny Games porque tem a Naomi Watts, e claro que quero ver tudo da Naomi Watts, mas todo dia quando vou começar a ver, desisto. Desisto. Não quero isso. Só a idéia de dois jovens sádicos parodiando o Alex me embrulha o estômago. Prefiro fechar os olhos pra tudo isso, é meu pesadelo pessoal, e pensar que tem gente que considera ultraviolence um lema me deixa meio tonta. Fico dizendo a mim mesma: melhor esperar pra ver no cinema. Mas vou conseguir ver no cinema? Confesso: não acabei Laranja Mecânica. (Digo mais: não acabei nenhum Kubrick. Nada pessoal, foram todos motivos diversos, e claro que fazer um filme sobre a violência (pura, em si) é digno, mas que me dá agonia, dá.). Confesso: me incomoda idolatria a este filme, gente usando camiseta, agonia eterna, sei que é irracional, mas aí vamos nós...


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A cultura da não-violência proposta por Gandhi tem muita coisa que eu admiro. Citando Wikipédia (afinal, 2.0 né?)

"The central tenets of nonviolent philosophy exist in each of the major Abrahamic religious traditions (Islam, Judaism and Christianity) as well as in the major Dharmic religious traditions (Hinduism, Buddhism, Jainism and Sikhism). It is also found in many pagan religious traditions. Nonviolent movements, leaders and advocates have at times referred to, drawn from and utilised many diverse religious basis for nonviolence within their respective struggles."

E isso é justamente o que eu aprecio nas religiões. E especialmente em Cristo. Sai “olho por olho, dente por dente”, entra “dar a outra face”. Eu sinceramente espero viver assim: sem lei do talião, nuncanuncanunca. Claro que não quero viver dando a outra face, mas espero poder fazer isso se for necessário, indo um passo adiante da não-violência. Mais Martin Luther King do que Malcolm X. Mais Professor Xavier do que Magneto. Deve ser bobagem, e eu faço parte dos mansos, certamente (amo todos os mansos, eles me enchem de uma ternura louca), quero ir adiante com Anne Frank, Vonnegut, sempre com esperança - isso é o mais difícil, largar o cinismo... (lendo Belos e Malditos, já começa falando sobre como o cinismo é a nova moda entre os jovens kkk).