quinta-feira, 22 de novembro de 2007
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
a fonte da vida - balanço de criticas. e sem suspense: EU AMEI
AVISO: não vou explicar o enredo bjs. é um filme romântico sobre perdas, sobre morte.
logo no início, eu desisti de tentar entender o filme, ou melhor, de ficar sentada ansiosa prestando atenção em cada detalhe pra depois colocar tudo junto. o ritmo era modorrento, arrastado, a intercalação inicial das estórias parecia aleatória e destinada a sinalizar "oi, vem coisa cabeçuda por aí" e coisa e tal. depois da experiência do último lynch, sabia que era melhor sentar e relaxar, tanto faz entender no final das contas. o problema é que esse filme demora um pouco pra engatar. lembro que fiquei pensando em como se é possível ter uma prosa maçante mas extremamente estimulante, mesmo que lenta, arrastada, pesada (tolstoi), enquanto no cinema isso é muito difícil. não vamos ser radicais e dizer que só curto ação-bang-bang-heróis-tarantino (embora amemuitotudoisso) e que qualquer filme mais lento me causa desgosto. apesar do que querem muitos, a vida realmente não é p&b. mas existe uma diferença entre "lento", "arrastado" e até entre o malfadado "não acontece nada". encontros e desencontros é lento - nem por isso é chato ou arrastado. elefante seria um dos filmes em que "não acontece nada" e é lento - mas nem por isso é chato ou arrastado também, embora, como posso dizer, minha apreciação desse filme seja um pouco cerebral (no sentido de ser um filme com uma "proposta"), mas não somente, porque aprecio intuitivamente algumas coisas nele, inclusive cinematograficamente.
mas no final das contas, não achei o filme cabeçudo. não fiquei tentando entender quando acabou, nem pensando "entendi". e achei muito bombástico quando estava vendo a repercussão, lendo as críticas, ao notar que muitos acharam esse filme "cerebral", que falhava ao envolver os espectadores. bom, eu vi o filme meio na cega, só porque era o novo do aronofsky (que fez dois bons filmes, Pi e Réquiem Para Um Sonho), e não muito atraída pelo trailer, tanto que não vi até ontem, e isso porque a vida me jogou no colo (essa coisa de três estórias etc etc, isso já cansou, né, gente? esse tipo de filme que faz uma meia dúzia de idiotas semi-alfabetizados jorrarem idiotices como veremos - volto a esse ponto depois). mas desde a metade do filme eu já estava morrendo de chorar, e nas duas vezes que vi! eu comecei a chorar e não parei mais, e ainda fui dormir com um peso no peito depois de ver o filme na madrugada, pela primeira vez.
kitsch, cafona? talvez. não fiquei enlevada pela beleza plástica do filme, no geral, os tons nem sequer me agradaram muito, e nem sei se os efeitos são bons ou pobres, sinceramente (embora naquela hora ápice, em que tudo explode, pela força do que está acontecendo, da música e tudo o mais, tenha experimentando a sensação de beleza na tela). acho que sim, essa crítica procede um pouco. é excessivo. isso foi a moça do g1 que falou. a crítica dela é muito pobre e daquele tipo categórico É LIXO que aconselho a só fazer quando se escreve pr'um blog. é ainda puta cruel de ficar fazendo brinks com o fato que brad pitt largou o barco, mas é justa: achou chato, achou chato - até os 20 minutos do filme achei que essa seria minha opinião final do filme, CHATO PRA CARALHO, entendendo ou não.
a crítica do contracampo levantou outros pontos que me deixaram meio chocada: trata o aronofsky como alguém que é muito barroco, rebuscado, que não confiou na sua estória de amor simples e construiu dois outros fios narrativos pra "complicar" (metade dessa opinião aparentemente compartilhada pelo cinema em cena). q. ok, ok, como já disse acima esse tipo de premissa já me cansa um pouco (do tipo "vamos embaralhar e você vai ter uma experiência não-hollywoodiana"), mas isso não torna um filme automaticamente ruim (parece óbvio não é mesmo), e talvez o filme fosse ótimo só com tommy e izzy, um médico e sua esposa morrendo de câncer, um drama, mas não se pode culpar um filme por ser o que é - e o aronofsky por ser um tiquinho pretensioso. pode-se gostar ou desgostar, mas "the heart wants what the heart wants"... o mais chocante mesmo é que o cara parece ver o diretor como alguém embebido nas possibilidades técnicas, um virtuoso da tecnologia (tipo, uma das mil coisas que jamais pensaria do darren, ainda mais porque ele NEM TINHA GRANA PORRA, ele nunca foi disso). o cara ainda fala que o aronofsky faz umas coisas com a câmera pra nada, tipo quando vem o carro e tá de cabeça pra baixa e desvira - UÉ CACETA!!! agora cada movimento da câmera tem que ter motivo né? alô tcc hahahaha. você não pode capturar um ângulo porque acha interessante ou BONITO. whatever. não tenho certeza se esse filme é bom """""enquanto cinema"""""; não achei particularmente bonito visualmente (acho que nesse aspecto é no geral um filme ok). mas é LINDO. não é só a temática (temáticas não fazem obras não é mesmo, minha gente, embora caminhem um pouco por elas), embora eu tenha um apego especial a essa temática. o que todos, e eu, concordamos, é que o darren é um filha da puta romântico, e acho que isso ainda é válido pra mim. acho, não: sei. me tocou profundamente ao tratar de amor e de morte, o hugh jackman tá ótimo, a rachel weisz apesar de ser menos requisitada (as personagens são mais planas, por assim dizer) também cumpre bem o papel (tenho um ps interessante sobre a rachel, mas deixo pro final do texto, to virando a rainha das digressões), e o amor deles dois é o que dá a liga. fiquei com a impressão de que só o tempo "presente" é o que existe na narrativa (assim como a omelete), mas não tive forças pra levar o debate adiante com um partidário de que era o tempo "futuro" - e sinceramente, não ligo. o tempo futuro, na verdade, é a narrativa que menos me cativa, a mais entrecortada e tal. achei gênio e lindo e simples alguns pequenos pontos:
a) o contato do hugh com os pelos da nuca da rachel, e como mostrava isso de perto, acho muito tocante e íntimo, e fazendo analogia com a árvore... que, num certo sentido, era a rachel;
b) a rachel estava sempre iluminada, muito branco-branco-branco, e se utilizando magistralmente dos seus belos olhos pra passar as emoções.
"arte eh pra poucos... mas admiro as pessoas q naum conseguem enxerga-la... são felizes na sua ignorancia e ponto... naum querem se expandir, aprender, admirar... soh admiram a si proprios no espelho... ou naum...".
"O Brasil tem um grande problema chamado televisão , na "televisão " todas as programações são , infantis e mastigadinhas. FEITAS PRA IDIOTAS, COMO O CARA QUE FEZ ESSE TÓPICO. já esse filme , foi feito por 2 gênios , com atuações deslunbrantes. MUITO Cult."é difícil evitar argumentação ad hominem se você entra no orkut do sujeito que diz que arte é para poucos e parará e vê que é um metaleiro idiota que está em comunidades de sexo, drogas & rock e preenche a parte de livros com um "não costumo ler" extremamente sincero.
a trilha é razoável (não acho a do réquiem bombástica também), mas tem momentos ASHTONING.
outras críticas:
zeta filmes
folha de s. paulo
ps - tem uma HQ the fountain. baixei e depois que ler comento. OU NÃO.
fiquem com a rachel SNOW WHITE
sábado, 3 de novembro de 2007
Franny & Zooey
Eu me apaixonei por Franny à primeira vista; aliás, à primeira entre-vista, pois ela ainda não estava sequer em cena quando me ganhou. Enquanto Lane, seu namorado, a espera na estação, impaciente, puxa do bolso uma carta dela, pra reler e passar o tempo. Já nessa carta, que começa com um simpático "Queridíssimo Lane" e termina com dois ps, um deles pedindo pra não ser escrutinada por ele no final de semana, eu entrevi uma pessoa de coração grande, acho que é isso. Franny é de um leveza encantadora e uma honestidade, uma ausência tal de cinismo, que eu pensei: "esse livro já está ganho" - e estava mesmo.
Já Zooey, se parece apenas metódico e pomposo demais durante todo o tempo até acabar a leitura da carta do irmão Buddy, algo que não me gerou nem simpatia nem antipatia, mostra o que verdadeiramente é quando a mãe entra em cena: um insolente. E isso, meus caros, é demais pra mim. Pra mim ser insolente é intolerável, só perde pra ser mesquinhos nas coisas Feias do ser humano (se existe o Belo existe o Feio, e acredito que essas duas características apareçam no homem). Claro que existem pessoas que são levemente insolentes e isso fica até como um charme nelas; minha amiga Cecília é assim. O problema é quando você levanta num mau dia, daí você percebe que qualquer traço de insolência é repugnante, e fica sentindo irritação com a pessoa. Zooey não é levemente insolente, ele é tão insolente que eu fiquei pra morrer em alguns momentos. Minha vontade é de simplesmente apagar essas pessoas, por mais bonitas, inteligentes, sensuais e talentosas que elas possam ser. A maioria dos defeitos se conjuga com qualidades e a pessoa pode ser válida mesmo sendo egoísta, extravagante, mal educado etc. Só que me deixa em estado de permanente mágoa ver mesquinharia em quem amo, idem insolência. O ponto é: não gostei de Zooey.
Obviamente gostar ou não gostar não interfere na qualidade como personagem, ou impede [no geral] que desfrute do livro. Já disse aqui que prefiro não gostar do que não achar nada... Tanto no cinema quanto na literatura. Sentimentos de simpatia, ainda que moderada, de paixão, ódio ou irritação, são mais do que bem vindos.
Salinger me perseguiu um tempo, quando eu sempre via O Apanhador no Campo de Centeio na livraria, namorava um pouco e algo fazia me desistir de dar um chute no escuro por r$40, 00 (por mais que saiba que é importante, é sempre um chute no escuro...). De repente a vida o ofereceu pra mim, na pessoa de miss Novelli, que chegou botando na minha mão e falando que eu "tinha que ler". Ok, than. Deixei um ou dois dias de molho, aí resolvi começar - e li num fôlego só, numa tarde gostosa, preguiçosa, deitada na minha cama. E quando acabou, todas as impressões misturadas pela leitura rápida e ansiosa, minha cabeça girando, eu me levantei e me sentia tão animada! Mas, tão! Corri pro computador e coloquei pra tocar "Catcher", da banda sueca-delicinha Komeda. Eu já conhecia a música antes de ler o livro, e obviamente sabia que se referia ao livro (é uma das várias). A música tem uma levada mais pra melancólica que pra animada (ainda mais considerando que é o Komeda, geralmente animadao), e passamos pelos versos "Who will save your soul, who will rock'n'roll, hell don't look at me...", para afirmar, no refrão: "There ain't no catcher in the rye". Tudo bem que tem uns papapa na música, mas é totalmente monocórdio... Ok, voltando: pus a faixa pra tocar e comecei a pular que nem uma louca. Eu estava muito feliz, eufórica, eletrizada. Fiquei cantando e dançando no quartinho, com a música no repeat, e apesar de ser triste não ter um apanhador no campo de centeio e das quedas e equilíbrios ficarem por nossa conta, isso misteriosamente me deixou feliz. O livro, a música. O livro é, desculpem essas expressões batidas uó, uma lufada de energia, um murro impactante. Enquanto eu lia ia vendo como tinha ressoado e repercutido em tanta, tanta coisa. Acho que ver Deus deve ser uma experiência parecida. E é um livro bobo. Não tem nada de especial na linguagem, nada de inventivo. Claro que existe aquela primeira pessoa delirante, mas tudo é o enredo nesse livro. Não é como quando leio Virginia Woolf, que fecho os olhos pra guardar algumas frases que são tão lindas lindas que machucam e deixam triste... (a própria Virginia disse que a beleza era infernalmente triste, algo com que tendo a concordar).Ainda saio dançando "Catcher" quando algo de animador me acontece; canto no chuveiro. Descobri depois uma pá de músicas com referências assim diretas ao livro, uma até do malfadado Chinese Democracy, do Guns. Tem uma muito bonitinha e simples, do John Ralston, que também acredita que é cada um por si: "No Catcher In The Rye" tem a singela letra:"Black days,
white nights,
nothing hurts when you’re anaesthetized.
Blue skies,
suicide,
maybe there’s no catcher in the rye"
Resolvi partir pro Franny & Zooey, que acredito ser o segundo livro mais famoso do Salinger, e que era o preferido da Judy, em Once and Again. Adendo: o fato de ter uma Zooey no seriado sempre me fez pensar que os dois personagens-títulos do livro eram femininos... Apesar do segmento "Zooey" ter mais revelações e cada gotinha de informação sobre os Glass ser uma delícia, ainda prefiro o "Franny". Não porque, como explicitei acima, prefira Franny, a personagem. Ela também aparece nessa segunda parte, numa crise imobilizante que vi compararem a da Margot Tenenbaum em Os Excêntricos Tenenbaums (volto a isso num instante). O caso é que a segunda parte fica um pouco didática. Acho maravilhosa também e ecoa muitos pensamentos e coisas que me preocupam, mas, como Zooey em relação a Franny, perde em intuição pra ganhar em premeditação. Imagino se o Salinger escreveu com tópicos ao lado... Entre os premeditados e os intuitivos, é da minha natureza preferir os últimos. Pesquisando sobre Salinger, a pessoa, me pareceu alguém com um quê de nocivo, apesar de toda a busca religiosa, tem algo de desagradável, de premeditado também. Mas é só uma impressão, obviamente. Franny & Zooey, o livro, veio da Paraíba. Next step: Nove Estórias, vindo de São Paulo. Quero conhecer melhor todos e, claro, quero muito ler To Esmé With Love and Squalor, de onde veio a Esmé Squalor da série Desventuras em Série (criança diz rs).
Sobre os Tenenbaums: parece que o Wes Anderson admira o Salinger e se inspirou livremente (e não oficialmente, claro, rs) na família Glass para criar a sua excêntrica família. Boo Boo, uma das irmãs Glass, aparentemente das mais prosaicas, casou com um homem de sobrenomeTannenbaum . Vi uns blogs fazendo a leitura de que a Margot seria a Franny. Ou o Wes leu errado, ou eu vi errado. Senti vibes, pra ficar com uma palavra horrível, totalmente diferentes. Apesar da crise das duas, o que na Margot é mera apatia, em Franny é choque. Sobre a natureza das duas, não vejo qualquer leveza na Margot - nesse sentido de ternura, acho que a Franny se aproximaria mais do Richie, não por acaso meu Tenenbaum favorito. Mas, bom, foi/seria apenas uma leitura livre do Wes. E pra quem quer saber, o Richie seria o Seymour (suicídio quem curte) e Chass seria Zooey. O que realmente lembra é aquela coisa de família de prodígios, que ambas as obras mostram. E, como diz mamãe Glass, de que adianta serem tão inteligentes senão são ao menos felizes?