domingo, 7 de dezembro de 2008

Rio de Janeiro vs. São Paulo

Eu troquei São Paulo pelo Rio de Janeiro. É até um pouco surreal. Dayane disse que eu estava trocando seis por meia dúzia; não chega a ser um absurdo. Eu mesma, quando retornei do Rio – primeira e única viagem, em 2005 - disse a todos que era tipo Salvador maximizado, mais bonito e mais gente grande. Mas era uma vibe que eu não queria para mim e, para ser sincera, eu tive que fingir um encanto para toda minha família quando voltei do Rio porque a viagem foi um pavor. Não foi nem a cidade e nem os fatos; tive um ataque de ansiedade e choro e saudades de casa porque pela primeira vez estava longe de casa e da minha família – em 2007, fui para Recife numa reprise dessa situação mas me sai muito melhor.

Eu me lembro que o Rio é bonito e arborizado, mas não me encantou. Tenho umas lembranças até meio esdrúxulas, de estar andando nas ruas atrás de Lucas Fróes, que ia dar a dica de uma loja de CDs.

O Rio é quente, é praieiro, tem um culto louco à beleza. São Paulo é mais concreto, cinza e gente perdida. Acho que foi nesse ponto que acabou se perdendo. Eu adoro uma brinks e tals, mas montação e essas coisas eu aprecio somente em doses homeopáticas. Se eu tivesse que viver com isso, como sei que teria, em SP, acho que ia morrer. Com esse mundinho fashionista descontrol. É incrível como as duas cidades vão estar repletas deste tipo de superficialidade – e eu nada tenho contra superfícies e muito menos futilidades – e isso de certa maneira vai me cansar.

Eu nem conheço São Paulo, a América. Vou conhecer em março, no apocalíptico final de semana do Radiohead. Talvez eu me arrependa. Vai saber? Acho que sempre vou parar e pensar no que poderia ter sido – é inevitável. Mas o que eu preciso realmente é um restart. Por que salvador não é tão ruim assim, fora o calor maligno, mas é muito casa, passado, presente... Não sei começar uma nova vida aqui. Não vejo como. Eu preciso sair disso aqui. Faz parte. Todo mundo quer bailing this town, qualquer que seja ela... Aposto que tem gente em Londres e Paris se sentindo sufocada e pensando em como sair dessa armadilha/cilada da vida. Porque a gente nasce, cresce e estabelece raízes nocivas – e é preciso novos ares... Eu sei, Hilda Hist, que ainda que se mova o trem, tu não te moves de ti, mas a gente precisa de algo pra ir enganando né?

E é uma besteira, mas eu fico pensando na Aimee. Sempre achei idiossincrático ela morar em Los Angeles (mora em Los Feliz, é uma piada pronta ou o que?). Ontem, com isso em mente, comprei a revista do Paulo Borges especial de Los Angeles – só vi a de Londres, que Thiago comprou, e cheguei a namorar Tókio, mas deu em nada. LA é uma cidade gaydacu e mágica ao mesmo tempo e acho que isso bem se aplica ao Rio – mas a verdade é que me mudo por uma atmosfera, companhia e por teoria, não por ímpeto & mágica.

Espero um 2009 foda, não aceito menos que isso. Sair de Salvador, da casa dos pais, me lançar na vida, ver o Radiohead ao vivo – torcendo pelo Sonic Youth em maio também... Tá batendo em 2008 – ano de monografia e formatura, pois não – com o pé nas costas.