por Unknown às 1:26 AM
Marcadores: livros, random thoughts
“NÃO ADIANTA CLASSIFICAR PESSOAS, É PRECISO SEGUIR ALUSÕES, NÃO EXATAMENTE O QUE É DITO, NEM INTEIRAMENTE O QUE É FEITO" VIRGINIA WOOLF
cheguei a um consenso dos melhores discos que ouvi esse ano (e lançados esse ano). não é definitivo, solene e nem útil, claro.
vamos lá:
1. charlotte gainsbourg - 5:55
2. snow patrol - eyes open
3. belle and sebastian - the life pursuit
4. sparklehorse - dreamt for light years in the belly of a mountain
5. lily allen - alright still
6. sonic youth - rather ripped
7. the zutons - tired of hanging around
8. emily haines and the soft skeleton - knives don't have your back
9. madeleine peyroux - half the perfect world
10. graham coxon - love travels at illegal speed
e ainda:
islands - return to the sea
sondre lerche and the faces down quartet - duper sessions
yeah yeah yeahs - show your bones
isobel campbell with mark lanegan - ballad of broken seas
the pippetes - we are the pippetes
bob dylan - modern times
johnny cash - american v
the knife - silent shout
mates of state - bring it back
the strokes - first impressions of earth
e o mundo gira.
ontem, ou antes, já não lembro direito, o mouse simplesmente parou de funcionar. nesse momento ele tá paradinho no centro da tela, o que me irrita um pouco, às vezes ficam aparecendo informações, quando como você passa o mouse sobre alguma coisa... agora ta melhor, da pra fazer quase tudo no teclado, ainda que de maneira lenta, bem lenta... vivendo a base do tab... e, bom, não da pra responder scraps nem shouts porque o tab não alcança os botões...
ouvindo the go!team e pensando que deveria arrumar esse quarto. eu até voltei pra cá disposta a isso e ontem ensaiei começar mas na hora que olhei pros livros me deu uma preguiça... tá tudo uma bagunça.
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só tem listas por todos cantos... vou pensar em uma também. o eyes open do snow patrol certamente vai entrar. o rather ripped também. de filmes, vendo as tendências, 007 é legal, mas não melhor do ano, e certamente v de vingança não entra nem pagando. por enquanto, na liderença, o labirinto do fauno.
Ouvindo o novo do Air, que vazou. Vai ser lançado em março e se chama Pocket Symphony. Fora isso, ta muito bom. Logo na primeira audição já achei e to ouvindo pela quarta vez e parece que vai melhorando, se é que isso é possível (é possível, sim). É claro que parece com os discos anteriores, só que uma dose a mais de suavidade, sem que isso se reverta em som mais ambiente (odeio essa denominação). Me sinto inspirada ouvindo esse disco novo, dá vontade de ter a casa em ordem, as idéias arrumadas e tudo o mais.
Músicas preferidas até agora: Space Maker, Napalm Love e Photograph.
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No gancho com o post de baixo, a música Persona Gone Missing, do Eskobar, é a minha pérola pop da semana. Muito boa! Pensei enquanto ouvia: queria fazer um filme só pra colocar essa música na trilha. É empolgante na medida certa, suave e linda.
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O blog ta realmente muito musical, porque to gastando muitas horas por dia baixando e ouvindo música. Mas com as férias tenho sérios planos de ver todos os 20 filmes que andei baixando e ainda não vi, na loucura do final de semestre. Bom, primeiro tenho que enfrentar e vencer a batalha das legendas e pra alguns ta bem difícil. Ao final das férias tenho planos de ter visto toda a filmografia da Ingrid Bergman (fora os dois primeiros filmes suecos impossíveis de achar e os filmes para TV), boa parte da Garbo e mais uns filminhos clássicos que fui arrebanhando no caminho.
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Relacionei aí nos links o blog do Daniel Galera. O post atual é sobre O Labirinto do Fauno e é muito bom, tudo que não consegui exprimir no meu post-fast-food sobre o filme. Tenho esse problema de no final do ano já não lembrar bem de quais foram os filmes do início do ano, mas acho que se O Labirinto do Fauno não foi o melhor filme que vi nos cinemas esse ano, foi um dos melhores. Claro, também não vi todas as grandes estréias (deixei passar Volver, pra citar um), mas acho que o mérito do filme do Guillermo del Toro é inegável.
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Por falar em Galera, será que ele vai vir mesmo pra Bienal da Une? Hehe. To esperando pra ver.
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às vezes eu penso que to perdendo minha capacidade de pensar. e sim, estou na final de política – surpresa!
Em certo momento de uma de suas mais belas canções (e são muitas) The Cold Swedish Winter, Jens Lekman canta:
When people think of Sweden
I think they have the wrong idea
like Cliff Richards who thought it was just
porn and gonorrhea
And Lou Reed said in the film
"Blue in the face"
that compared to New York City
Sweden was a scary place
They say your middle name is trouble
But I know it's Caroline
They say you
remind them problems
But I think you look like Audrey
Pra me redimir do argumento da causalidade:
http://youtube.com/watch?v=pio4GEJ3FJs&mode=related&search=
Ah, lembrei de uma música engraçada que um cara fez pra Drew Barrymore. Não é atriz clássica mas whatever, né.
É meio baixo astral. Cantada numa musiquinha de segunda.
“They'll have a big parade/ For every day that you stay clean”
"Baby, baby, I love youBaby, baby, I love youBut baby, I feel so bad"
Minha foto preferida da Aimee, ela com o marido, o compositor Michael Penn (irmão do Sean Penn), parafraseando a famosa capa do The Freewheelin' Bob Dylan, de 1963.
por Unknown às 3:58 PM
Marcadores: aimee mann, música
Love é uma livre adaptação do livro Ana Karenina, de Tolstoi. Feita em 1927, teria uma nova versão, falada, em 1935, com Garbo novamente no papel de Karenina (dentre outras versões). Realmente é difícil pensar na transposição daquele livre, denso, para um filme de 84 minutos, mudo. A história central permanece a mesma, assim como o caráter dos personagens, porém – assim como na versão que seria feita 8 anos depois – todo o pano de fundo sobre a Rússia rural some, assim como personagens secundários, para se concentrar somente no amor entre Vronski e Ana. Algumas mudanças acontecem para dar mais suspense à trama, como por exemplo a maneira que Ana e Vronski se conhecem, numa estalagem no meio do nada, em plena tempestade, um sem saber nada do outro… Isso depois de alguns minutos de filme em que Greta Garbo passou com o rosto coberto, apenas sugerido. Até que na estalagem de repente ela revela o rosto – e está lindíssima, reluzente… Algo na fotografia do filme faz com ela pareça mais luminescente do que em qualquer outro filme que eu tenha visto com ela.
Garbo empresta certa vulnerabilidade exigida pelo papel; Ana é sempre muito bivalente, meio fraca, cheia de dúvidas. Até mesmo a postura dos ombros, algo caída, desanimada, faz parte dessa composição. Além do quê, sempre enxergo certa melancolia em Garbo, que parece pular da tela diretamente para o telespectador que a observa…
John Gilbert, que chegou a ser noivo de Garbo na vida real (ela pulou fora do casamento), faz um Vronski meio almofadinha, com ferocidade e um quê de presunçoso. Tudo isso nos faz não ter muito apreço pelo personagem, apesar de certa impetuosidade simpática que aparece vez ou outra. Contra ele, ainda, um corte de cabelo dos mais ridículos que já vi e um bigodinho de porteiro. Grande parte dessas impressões, porém, sempre vêm com o Vronski, pra mim, desde a leitura do livro – ele é um personagem que transpira imaturidade. Pra mim, o amor de Ana sempre foi pra Vronski, em grande medida, uma extensão do seu ego.Porém, quando juntos, algo funciona entre os dois; os gestos parecem se complementar, como numa espécie de coreografia. É possível sentir algo no ar. E o primeiro beijo consensual dos dois é lindo, de encher os olhos, com movimentos perfeitos – se é que isso faz algum sentido, posto dessa forma.Cheguei até aqui sem ainda falar da história, por presumir que seja conhecida. Ana é casada com um nobre russo, Karenin, com quem tem um filho. Um dia conhece e se apaixona por um membro de exército, Vronski. Fica dividida entre deixar o filho e ir viver com o amante ou continuar vivendo uma vida de aparências, como quer seu marido. O final do filme tem, entretanto, uma mudança radical e significativa. Provavelmente pra combinar com esse nome, Love… Que vai e volta fica aparecendo nos mais estranhos dos brindes no filme.
O filme gira entre o relacionamento de Ana e Vronski, que muitas vezes parece uma coisa voluntariosa dos dois, já que o desenvolvimento no filme é feito de maneira muito rápida, e a relação de mãe e filho, que é interpretado por Philippe De Lacy.Eu tinha lido na biografia da Garbo que existe uma parte física entre mãe e filho muito forte, um ar sensual, mas acho que não fiz idéia de como era. Na verdade, a parte mais tocante do filme é justamente quando ela está com o filho, em que o amor entre os dois parece escorrer da tela, muito mais interessante do que ela e Vronski. Alguns gestos entre eles parece mais de dois amantes, como o aquele clássico tirar os cabelos do rosto, acaricia-lo para então acontecer um beijo… Que acontece muito entre Garbo e De Lacy nesse filme. É tão afetuoso, warming, Garbo está tão maravilhosa…
É um filme muito agradável de se assistir e superior à versão falada, apesar de em uns poucos momentos tentar adquirir um tom de piada que não cola. E apesar, claro, dessa mutilação feita ao final clássico - tão marcante.
Ficha técnica: Love (1927)
Direção: Edmund Goulding
Produção: Irving Thalberg
Roteiro: Francis Marion, adaptado da novella Ana Karenina, de Tolstoi.
Fotografia: William Daniels
Legendas: Marion Ainslee e Ruth Cummings
Edição: Hugh Wynn
Elenco: Greta Garbo (Anna Karenina), John Gilbert (Vrosnki), George Fawcett (grão-duque), Brandon Hurst (Karenin) e Philippe De Lacy (Seryosha).
Duração: 82 min
País: EUA
Cor: Preto e Branco
Som: Mudo
por Unknown às 4:19 AM
Marcadores: atrizes, cinema, classic movies
“pedaço de cabelo (...) ou talvez um beijo na bochecha, que eu não lavaria por
uma semana.”
Mas ela dá a blasé nele e vai embora, sem ligar e sem notar o quão cool ele estava sendo. Também dá pra perceber que essa é uma ironia que escapa, quando ele fala que tirou uma foto e o amigo viu seu momento de conhecer uma celebridade... Aliás, tem todo esse lado...
“Ingrid Bergman, Ingrid Bergman/vamos fazer um filme na ilha de Stromboli
/Ingrid Bergman (...) Eu irei te pagar com mais que dinheiro/Ingrid Bergman/ Mas
com filhos e filhas felizes/ E eles irão cantar por Stromboli/ Ingrid Bergman”.
Stromboli era o local onde o casal filmava seu primeiro filme juntos, inicialmente Terra de Deus mas que depois acabou ficando com o nome da árida ilha italiana. Rossellini e Ingrid tiveram três filhos, Robertino, nascido no auge do escândalo, e depois as gêmeas Isabella e Ingrid. Isabella Rossellini se tornaria atriz como a mãe, depois de uma carreira breve de jornalista e uma bem sucedida como modelo. Em meio a toda aquela confusão e boataria essa música evoca o que realmente estava acontecendo ali – amor.
Essa música não fala da Garbo em si, apenas a toma como uma referência. O De-Phazz é um grupo alemão de jazz com pitadas pop (não poderia ser diferente). Na música, a personagem central fala de como foi desenhada para o sucesso, mas que a algo a detém nessa marcha... A parte que interessa, a que fala daquela atriz sueca que foi um estouro em Hollywood, é quando a personagem diz que não vai viver sua vida para o prazer dos outros e que, por isso, irá escolher
“um adeus a la Garbo”
(numa tradução muito livre). Ou seja, vai sair de cena inesperadamente, deixando todos atordoados, para ter o controle da sua própria vida. Depois de ler a biografia do Barry Paris sobre Garbo, dá pra perceber que na verdade ela nunca quis largar a carreira tão de vez, ela teve um fracasso (Two-Faced Woman), se afastou um pouco e todas suas voltas fracassaram – acabando por não ocorrer nunca. Não acho essa biografia tão boa quanto a maior parte das pessoas (não gosto de coisas pequenas como a tipografia, o papel, até o estilo do autor), mas é claro que é boa no material bruto.
Nessa, a ligação não é tão direta: enquanto divaga sobre sua estada em Paris e como está procurando lugar pra ficar, e depois sobre outras coisas mais, pra concluir que se sente bem, E (frontman do Eels) encaixa uma estrofe sobre a princesa (e não rainha, como dizem os versos, Mônaco é um principado, não tem reis nem rainhas). Ele diz:
“a atriz desistiu de seus velhos sonhos/ e negociou, agora ela é uma rainha/
famílias reais não têm tempo/ para essa merda/ sua bola de cristal você mantém escondida”.
Talvez seja só a sensação que o eu-lírico compartilhe com a loura preferida de Hitchcock:
“Não tenho certeza de quando eu cheguei aqui nem como.... Mas acho que você sabe
que eu ficarei bem”
. Grace teve uma vida atribulada, muitos problemas com os filhos, não pode voltar a atuar (chegou a combinar com Hitchcock de voltar em Marnie, mas a reação foi muito negativa e ela desistiu). Viveu seus últimos anos entre Mônaco e Paris, mantendo jovens amantes (escorpiana, teve muitasss histórias envolvendo seu nome a casos sexuais, básico – sim, estou dizendo que as pessoas de Escorpião são muito do sexo) e correndo de lá pra cá atrás das filhas – primeiro foi Caroline, depois Stephanie (que namorou por um tempo o filho do Jean-Paul Belmondo, piloto de corridas, o que fez com que ela quisesse ser piloto também...). Faleceu em um acidente de carro em 1982, cercado por teorias conspiracionistas de que quem estaria dirigindo era Stephanie (de menor na época, sem licença). No fundo, tanto faz.
Nessa música, Kurt Cobain canta como se fosse Frances Farmer. Frances era uma atriz da década de 30 que tentou quebrar alguns padrões da época. Insatisfeita, se envolveu em brigas, incidentes e acabou internada num manicômio, onde recebeu tratamento de choques por um tempo. Ela também sofreu lobotomia. Na música, Cobain canta:
“Eu sinto falta de me sentir triste”
, aludindo aos medicamentos que doparam tanto a atriz que ela não sente mais nada. Existe certa amargura na música, que pode, claro, se aplicar ao que Kurt passava na época. Quando ele diz: “É um alívio saber que você vai embora assim que for pago”, soa muito cínico, como quem diz que sabe que é tudo, no final das contas, pelo dinheiro. É uma canção melancólica, forte e bonita. Depois, Kurt viria a por na sua filha o nome de Frances, mas foi mais pela vocalista dos Vaselines do que pela atriz.
Essa é bem direta, não é mesmo?
;)
"Não existe Garbo.Não existe Dietrich.Existe apenas Louise Brooks."
I was waiting for a cross-town train in the
London underground when it struck me
That I've been waiting since birth to find a
love that would look and sound like a movie
So I changed my plans I rented a camera and
a van and then I called you
"I need you to pretend that we are in love
again." And you agreed too
I want so badly to believe that "there is truth,
that love is real"
And I want life in every word to the extent
that it's absurd
I greased the lens and framed the shot using
a friend as my stand-in
The script it called for rain but it was clear
that day so we faked it
The marker snapped and I yelled "quiet on
the set" and then called "action!"
And I kissed you in a style Clark Gable would
have admired (I thought it classic)
I want so badly to believe that "there is truth,
that love is real"
and I want life in every word to the extent
that it's absurd
I know you're wise beyond your years, but
do you ever get the geel
that your perfect verse is just a lie
You tell yourself to help you get by
A canção conta como um dia ele resolveu fazer uma história de amor como nos filmes. Pro Clark Gable sobra uma menção
" te beijei em um estilo que Clark Gable teria admirado/ Pensei que era clássico"
Acho Postal Service chatinho, assim como a outra banda do cara, o Death Cab For Cutie (mas é melhor que o P.S.). Fica pra constar.
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To com a sensação de que to esquecendo uma, e fácil, e com certeza existem outras, mas ta tarde e esse post tá imenso, fecho com essas por enquanto.
por Unknown às 1:32 AM
Marcadores: atrizes, classic movies, música